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Dois de Julho: Responsável por restauro dos caboclos detalha processo

Por Flávia Requião / Fernando Duarte

Dois de Julho: Responsável por restauro dos caboclos detalha processo
Foto: Waltemy Brandão/ Bahia Notícias

Um convite há 25 anos se tornou uma tradição. O artista plástico José Dirson, responsável pela restauração do Caboclo, da Cabocla e das carruagens, revelou que o desafio de 2023 foi mais “profundo”, já que a reforma do Panteão da Independência permitiu que as peças fossem para o ateliê dele. “Tive uma oportunidade como nunca tinha tido antes de penetrar no âmago das estruturas das madeiras, do Caboclo, da Cabocla, dos elementos que compõem a carruagem, do dragão, das armaduras e de todos os demais elementos”, relatou em entrevista ao Bahia Notícias, nesta domingo (2).

 

“Esse ano o trabalho foi um pouco mais intenso porque, como o panteão passou por um processo de restauro, e onde as carruagens foram colocadas na Guarda Municipal não dava para ir junto com os caboclos, eles foram desmontados e foram para meu ateliê de restauração. A gente fez uma restauração um pouco mais profunda do que temos feito ao longo desses 25 anos”, contou.

 

 

Segundo Dirson, a inspiração para o restauro é simples: “o povo da Bahia”. “A inspiração vem de eu entender que é uma responsabilidade minha ajudar na preservação desses monumentos, dessas obras de arte tão caras ao povo baiano”, disse. “São, principalmente as carruagens do Caboclo e da Cabocla, peças antigas, do século XIX, que exigem um cuidado especial. Como anualmente ela sai as ruas, Salvador é uma cidade de ladeiras, de um calçamento íngreme, então essas madeiras se movimentam e aparecem depois fissuras e rachaduras. É um mês que normalmente chove e com a umidade respingos de chuva a pintura também se movimenta, aparece craquelamento, descolamentos, daí uma necessidade de anualmente fazer um trabalho de conservação”, detalhou.

 

O COMEÇO

Durante a conversa com o Bahia Notícias, Dirson também contou como foi o início da contribuição dele com as obras celebradas no Dois de Julho em Salvador. “Em 1997, eu recebi o convite do professor Francisco Sena, que era o diretor da Fundação Gregório de Matos, para que eu fizesse a intervenção nas estátuas dos caboclos e, no ano seguinte, das carruagens”, lembra.

 

“Naquela época, os caboclos pareciam uns monstrengos, porque durante mais de 100 anos eles foram restaurados por pessoas leigas. O que faziam era acrescentar mais uma camada grosseira de tinta que, com o passar dos anos, eles estavam totalmente deformados”, completa. Segundo o artista plástico, foi necessário utilizar instrumental médico para recuperar o caráter original das obras. “Nós tivemos um trabalho enorme de quase seis meses para removermos camada após camada com bisturi cirúrgico para descobrir a pintura original e salvarmos assim as esculturas”, detalha.