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Exonerado da Fundac, ex-titular da Serin foi condenado por injúria racial; entenda

Por Leonardo Almeida / Mauricio Leiro / Lula Bonfim

Exonerado da Fundac, ex-titular da Serin foi condenado por injúria racial; entenda
Foto: Reprodução / Blog do Anderson

Emilson Gusmão Piau, ex-titular da Secretaria das Relações Institucionais (Serin) durante o governo de Jaques Wagner (PT), foi exonerado do cargo de Assessor Especial, código Das-2, na Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), após quase oito anos no posto. A ação foi divulgada na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (28).

 

Piau chegou a ser cotado no final de janeiro para assumir um posto na Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), órgão tradicionalmente comandado nos governos petistas pelo PCdoB - partido do qual é militante. Entretanto, um fato ocorrido em janeiro de 2015 teria o afastado do novo cargo.

 

De acordo com detalhes que constam em processo judicial, Piau teria incorrido em injúria racial contra servidores do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), quando ele era chefe de gabinete da Serin. Ao visitar uma antiga colega de trabalho, a servidora Maísa Flores, ele teria perguntado qual posto ela estava ocupando no órgão.

 

Ao ouvir que a interlocutora estava lotada na Coordenação de Interação Social do Meio Ambiente, Piau teria respondido que aquele posto “não é para negros; é para brancos, como eu”. A fala teria sido “em voz alta e em tom grosseiro”, conforme denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

 

Não satisfeito com a reação assustada de Maísa Flores e de outros servidores presentes no Inema, Piau ainda teria complementado. “Na Europa, o meio ambiente é comandado por brancos. Lá tudo é feito de concreto, com avenidas e prédios. Não tem verdes e não tem árvores”, teria dito o militante comunista, segundo o processo.

 

Neste momento, o servidor Júlio César da Silva teria olhado com indignação para Piau, que retrucou. “É isso mesmo! A interação social não é para negros”, teria concluído.

 

As falas racistas de Emilson Piau motivaram uma denúncia dos servidores Maísa Flores, Júlio César da Silva, Priscila Chagas e Alessandro Fernandes, além da estagiária Iramaia Barreto. O caso repercutiu dentro do governo e derrubou o comunista do posto de chefe de gabinete da Serin, levando-o para a Diretoria de Administração e Finanças, com menor visibilidade externa.

 

Em 2015, no primeiro ano de gestão de Rui Costa (PT), Piau perdeu ainda mais espaço e foi deslocado para assessor especial na Fundac.

 

A sentença, assinada pelo juiz Antônio Silva Pereira, saiu apenas em 28 de junho de 2021, com a condenação de Piau a 1 ano e 4 meses de detenção em regime aberto, além de multa. A prisão, entretanto, não aconteceu, pois o mesmo magistrado acabou substituindo-a por uma pena restritiva de direitos.

 

Militante do PCdoB desde o movimento estudantil, nos anos 1970, Piau é administrador de formação e atua como professor assistente na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia desde 1996. Pouco tempo depois, assumiu secretarias municipais nas gestões petistas em Vitória da Conquista, entre 1998 e 2006.

 

Com sua atuação na prefeitura conquistense, Piau conseguiu espaço no governo Wagner desde o seu início, em 2007. Primeiro, ocupou cargos de segundo e terceiro escalão, atuando como diretor-geral, diretor executivo, gerente financeiro e superintendente em órgãos como a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes-BA), até se tornar chefe de gabinete na Serin.

 

Depois, entre julho e novembro de 2010, Piau atingiu o primeiro escalão do governo, assumindo o posto de secretário das Relações Institucionais. O destaque do militante comunista durou pouco, com ele retornando a chefe de gabinete em 2011 e cargos ainda menores a partir de 2015, com a denúncia de racismo.