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Americanas: O que de fato aconteceu com uma das maiores varejistas do Brasil

Por Leonardo Almeida

Americanas: O que de fato aconteceu com uma das maiores varejistas do Brasil
Foto: Divulgação

O escândalo contábil da Americanas provocou uma onda de desconfianças em torno do setor varejista no geral. O “erro” bobo, que possui a possibilidade de na verdade ser uma fraude, causou um prejuízo que pode chegar até R$ 40 bilhões. Até o momento, as ações da companhia negociadas na B3 caíram mais de 80%, e o valor de mercado despencou mais de R$ 8 bilhões.

 

Mas as perguntas que ficaram são: O que aconteceu? A Americanas vai falir de fato? E o produto que comprei, vai chegar?

 

AS "INCONSISTÊNCIAS CONTÁBEIS” E O IMBRÓGLIO NA JUSTIÇA

Uma prática comum entre as empresas de varejo é o procedimento de “risco sacado”, também conhecido como "forfait", que é a negociação entre: varejista, fornecedor e banco. O que acontece: A Americanas comprava produtos a prazo de um fornecedor e pegava um “empréstimo bancário” para adiantar os pagamentos.

 

Assim, a varejista economizava pagando menos ao fornecedor, por ter adiantado os pagamentos, e pagava o empréstimo com juros ao banco. Uma negociação considerada simples e, como já foi dito, uma prática comum entre as varejistas.

 

O rombo de R$ 20 bilhões não surgiu “do nada”. Após uma auditoria interna, o ex-presidente da Americanas descobriu uma série de “inconsistências contábeis” dentro das negociações de risco sacado. Primordialmente, a informação foi a de que houve um erro na nomeação dos arquivos, confundindo os bancos com os fornecedores.

 

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Porém, a informação ainda é inicial, existe a possibilidade da companhia na verdade tentar aplicar uma fraude fiscal em seus balanços financeiros. Especialistas do mercado financeiro avaliam que as inconsistências já eram de conhecimento da diretoria anterior, mas não foi adotada nenhuma prática de redução de danos.

 

Segundo investidores escutados pelo Bahia Notícias, o posicionamento genérico, ou até a ausência de pronunciamento da Americanas, reforça justamente a hipótese elaborada pela BTG Pactual, que acusa a varejista de elaborar um esquema de fraude fiscal.

 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. Os motivos para o possível erro (ou fraude), devem ser divulgadas nas próximas semanas, conforme o avanço das investigações.

 

Até o momento, foram detectados, ao menos, R$ 13,6 bilhões em dívidas apenas nas operações de risco sacado. A Americanas deve: R$ 4,7 bilhões para o Bradesco; R$ 3,7 bilhões ao Itaú; R$ 3,4 bilhões para o Banco Safra; e R$ 1,2 bilhões para o BTG. Ainda existem dívidas com outras entidades financeiras, mas ainda não foi divulgado.

 

Para evitar a antecipação do pagamento desses empréstimos, a Americanas obteve uma liminar da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro que suspende o pagamento das dívidas pela companhia. Para a Justiça, a varejista alegou ter um rombo fiscal de R$ 40 bilhões e que o pagamento dos vencimentos causaria o encerramento da empresa.

 

O BTG entrou com recurso contra a liminar e acusou os principais acionistas da Americanas, Beto Sucupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, de organizarem a “maior fraude corporativa na história do país".

 

A AMERICANAS VAI FALIR?
Não dá para ser preciso se a empresa vai falir ou não. Mas é possível afirmar que, provavelmente, a Americanas não vai fechar as portas. Por enquanto, a empresa vai continuar funcionando, vendendo produtos em lojas físicas e digitais.

 

Além disso, a companhia já iniciou o processo de contenção de despesas e reavaliação dos gastos. A Americanas, por exemplo, já cancelou o seu patrocínio de R$ 102 milhões ao reality show Big Brother Brasil (BBB) 23, da Rede Globo de Televisão (veja mais aqui).

 

Os próximos passos agora devem ser entrar em recuperação judicial, prática adotada por empresas que estão perto de declarar falência. A empresa de telefonia Oi é um grande exemplo de companhia que conseguiu dar a “volta por cima” adotando a recuperação judicial. É um processo demorado, com a Oi durou cerca de seis anos.

 

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A Americanas também deve vender parte de seus ativos (propriedades, materiais, empresas, etc). Estão no radar as vendas da Natural da Terra e a participação na "Vem Conveniência".

 

A ENTREGA DE PRODUTOS COMPRADOS NA AMERICANAS
Ainda é cedo para saber se haverá consequências para quem costuma fazer compras no site ou nas lojas da companhia. Por enquanto, a tendência é que o processo de recuperação da Americanas não afete seus clientes, mas isso não é garantia.

 

O famoso caso da Ricardo Eletro, por exemplo, quem acabou “pagando a conta” foram os clientes que até hoje não receberam suas contas.

 

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Segundo informações do Estadão, o Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. A varejista também deverá informar se as reclamações feitas por consumidores na plataforma on-line do Procon têm relação com o rombo nas finanças da companhia.

 

No caso de compras feitas via internet, o consumidor pode solicitar o cancelamento antes da entrega dos produtos ou devolvê-los em até sete dias.

 

Em nota, a Americanas afirmou que segue com o funcionamento e, pelo visto, entregará as compras feitas pela plataforma:

 

“A Americanas comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app. A companhia continua dando acesso ao maior número de brasileiros e brasileiras as melhores ofertas, produtos e serviços.”