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Proposta de transferir circuito da Barra para a Boca do Rio no Carnaval divide opiniões

Por Erem Carla / Vitor Castro

Proposta de transferir circuito da Barra para a Boca do Rio no Carnaval divide opiniões
Foto: Elias Dantas / Ag Haack / Bahia Notícias

Quem já teve a oportunidade de curtir o Carnaval de Salvador com certeza tem na lembrança ao menos um pôr do sol no Farol, ponto tradicional da saída de trios na capital baiana. Pelo circuito Barra-Ondina - ou Dodô, para os íntimos -, se espalham ainda outros ícones da folia de Momo na Bahia: o ponto de encontro no Cristo, o camarote improvisado no Morro do Gato, ou até mesmo o fim do percurso nas Gordinhas de Ondina são praticamente marcas registradas da festa. Mas uma proposta pode fazer essas lembranças ficarem apenas na história.

 

Nos últimos meses, o mercado de entretenimento começou a ouvir rumores de que o circuito da Barra poderia dar lugar a outro na região da Boca do Rio, próximo ao Centro de Convenções. Apesar da questão ser apenas uma possibilidade distante - ao menos até o momento -, entidades e órgãos ligados à folia de Momo já dividem opiniões sobre o tema. 

 

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Luciano Lopes, a proposta só tende a prejudicar o setor hoteleiro da capital. “Essa seria uma situação muito complicada para os hotéis que estão ali na região da Barra, Ondina e Rio Vermelho. Muitos investimentos foram feitos em função dessa localização do Carnaval, então a gente, assim de início, acredita na manutenção do local e na necessidade de se buscar uma readequação do circuito”, avaliou. 

 

Quem discorda desta opinião, contudo, é o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Clínio Bastos. Ao Bahia Notícias ele conta que a sugestão de mudança do percurso já foi levantada há algum tempo e aposta em novos caminhos para a folia. “Há alguns anos todo o setor tem discutido a possibilidade do surgimento de novas alternativas, novos circuitos. Isso sempre esteve em pauta em função do acúmulo do número de pessoas. A cidade cresce, a demanda cresce e obviamente você passa a avaliar isso”, disse. 

 

Clínio, que já foi presidente da  ainda salientou que, se acontecerem, essas mudanças precisam ser bem avaliadas para que possam contemplar todos os fatores de risco. “A gente fez o último Carnaval em 2020, ou seja, o nosso próximo Carnaval será com base em 2020, três anos depois. Temos vários pontos a serem observados: como vai se comportar o público, os patrocinadores, qual o impacto nas atrações, com quem tem os seus negócios focados naquela região (Barra)...”, listou.

 

Clínio diz que toda mudança é bem-vinda e que acredita em testes na região para avaliar o cenário. “Sou muito favorável que a gente faça eventos-testes, até com a volta de eventos que já foram sucesso e que inclusive já chegamos a fazer naquela região, como o Farol Folia”, lembra.

Boca do Rio | Foto: Divulgação / Secom Salvador 

De acordo com ele, a proximidade do Carnaval também exige que esses testes sejam feitos de maneira célere e que haja uma discussão entre os setores afetados. “O sucesso do nosso Carnaval não está nos nossos camarotes, nos blocos, mas está no povo que frequenta as ruas e faz a nossa festa ser diferente. Claro que os blocos têm sua contribuição, os afoxés, todas as entidades e os camarotes também”, conclui Clínio.

 

Para o presidente do Comcar, Joaquim Nery, a mudança também é vista como positiva já que visa criar um terceiro circuito a fim de desobstruir o circuito da Barra. “Sempre foi uma alternativa desejada pelo trade com relação à criação de um terceiro circuito, já tendo sido experimentado em momentos anteriores. Teria melhores soluções de trânsito, impacto urbano, infraestrutura, além de suportar por mais tempo um crescimento da população de Salvador e de foliões no Carnaval”, disse. 

 

Nery ainda salienta a necessidade de se ampliar a discussão para toda a comunidade carnavalesca. “Já iniciamos essa discussão tentando esclarecer como seria feita essa mudança que, por enquanto, está em fase de estudos, de quais são as vantagens e desvantagens, e de ouvir todos os 'atores' envolvidos, com um único objetivo: fazer em 2023 o maior e melhor carnaval que já houve em Salvador”.

 

O Bahia Notícias entrou em contato com a prefeitura e a Empresa Salvador Turismo (Saltur) para buscar mais detalhes sobre a proposta e saber quais as justificativas oficiais para a mudança. Até o fechamento desta matéria, a reportagem não obteve nenhuma resposta oficial.