Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Geral

Notícia

Entidades fazem 'ebó coletivo' e Isnard retira PL que mudaria nome de área do Abaeté

Por Bruno Leite

Entidades fazem 'ebó coletivo' e Isnard retira PL que mudaria nome de área do Abaeté
Foto: Reginaldo Ipê / CMS

O vereador Isnard Araújo (PL) retirou o projeto de lei que propunha a mudança do nome de uma área no parque do Abaeté e intitularia como "Monte Santo Deus Proverá". A matéria ganhou repercussão na última quinta-feira (10), quando o prefeito Bruno Reis (UB) anunciou um projeto de urbanização no local e ambientalistas, entidades de matrizes africana e indígena protestaram contra a possível mudança de nome.

 

Em pronunciamento na tribuna, durante a sessão ordinária desta terça-feira (15), Isnard se defendeu e disse que o PL se tratava da nomeação de apenas um trecho do espaço, mas que que retrocederia. "Estou colocando para todos aqui que estou retirando o projeto para evitar polêmica com respeito ao nome", justificou.

 

No que havia sido protocolado pelo vereador, a nova denominação do trecho às margens da Avenida Dorival Caymmi se daria pela presença de "evangélicos e grupos neopentencostais que o frequentam com a intenção de realizar seus cultos em reverência e temor". A "homenagem" teria como referência uma passagem bíblica.

 

O Abaeté, entretanto, é conhecido historicamente como um local de culto das religiões de matriz africana e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa e Dunas do Abaeté, poligonal que inclui ainda outros trechos de restinga e dunas nas imediações da Praia do Flamengo, Itapuã e Stella Maris.

 

Edvaldo Brito (PSD), vereador e procurador jurídico do Legislativo municipal, apoiou o colega, que optou pela retirada. Mais cedo, ele havia garantido à Ialorixá Mãe Jacira - uma das mobilizadoras dos protestos na sexta e de um "ebó coletivo" realizado na porta da Câmara Municipal antes da sessão desta terça - que utilizaria das ferramentas disponíveis para proteger os direitos constitucionais do seu povo.

 

Mãe Jacira esteve no plenário e disse que os manifestantes presentes em Itapuã na última quinta, assim como ela, foram hostilizados pelos seguranças do prefeito.

 

Na quinta, o prefeito Bruno Reis já havia garantido que, mesmo aprovada na Câmara de Salvador, o projeto não seria sancionado. "Jamais mudaria o nome de um local tradicional e sagrado para todos os baianos", disse o prefeito.

 

"O respeito com todas as religiões é uma marca da nossa gestão, principalmente de matriz africana. A Salvador que queremos sempre será do diálogo e do respeito com todas as religiões", afirmou Bruno Reis. 

 

Na sessão de hoje, outros membros da Casa, como Maria Marighella (PT), Laina Crisóstomo (PSOL), Marta Rodrigues (PT), Sílvio Humberto (PSB), Tiago Ferreira (PT), Augusto Vasconcelos (PCdoB) e Átila do Congo (Patriota) também se posicionaram contra a possível mudança durante suas falas na tribuna. 

 

Átila apelou para o prefeito Bruno Reis (UB) se referindo ao gestor como "um homem que tem os orixás em seu caminho" e acrescentou que seria um "escárnio" a sanção de uma medida que desconsiderasse o povo de santo na capital baiana.