Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Política

Notícia

Apoio em queda e país ainda mais dividido: O terceiro ano de Bolsonaro

Por Felipe Dourado, de Brasília

Apoio em queda e país ainda mais dividido: O terceiro ano de Bolsonaro
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Em meio ao que poderia ser o ano crucial para marcar o governo de Jair Bolsonaro, 2021 se revelou o ano da queda de aprovação de seu governo. Com uma condução da Covid-19 envolvida em negacionismo científico, além de denúncias de superfaturamento na aquisição das vacinas contra a doença, Bolsonaro também viu sua força política no Congresso ir diluindo, ao ponto de se ver praticamente obrigado a "fechar" com o Centrão, a quem sempre acusou de "exercerem a velha política do toma lá, dá cá".

 

Não bastasse a área da Saúde estar comprometida devido à pandemia, a Economia Brasileira se esfarelou em 2021. O preço da gasolina disparou, da cesta básica chegou a recordes históricos, e até o gás de cozinha passou por reajustes. Com a inflação atingindo o recorde de 10,96% ao ano, 2022 será um ano de muito trabalho para conseguir trazer o país de volta aos trilhos, mesmo com a vacinação já em estágio avançado no fim desse ano.

 

PRIMEIRO SEMESTRE MARCADO PELO ENFRENTAMENTO... AO NEGACIONISMO

O ano já começou com o Norte do País vivendo um drama sem precedentes: faltou oxigênio nos hospitais da rede pública de Manaus em meio ao ápice da pandemia no estado do Amazonas. Coincidentemente, uma nova variante da Covid-19 surgiu lá, conhecida como a variante Gamma, e tida como até 2 vezes mais transmissível que outras cepas do vírus. O general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, defendido no cargo por Bolsonaro mesmo após a crise, ficou sabendo da situação no dia 7 de janeiro, alguns dias antes de se decretar estado de emergência.

 

Em corrida vencida pelo governador de São Paulo João Dória (PSDB) contra o presidente Bolsonaro, a vacinação no Brasil começou no meio para o fim de janeiro. As vacinas produzidas pelo Butantan, de codenome CoronaVac, começaram a ser distribuídas em 17 de janeiro e a primeira contemplada com uma dose no país foi a enfermeira Monica Calazans.

 

Os primeiros meses do ano foram de forte campanha negacionista por parte do governo Bolsonaro, utilizando, inclusive, páginas oficiais nas redes sociais dos ministérios e do próprio governo para convencer a população a não aderir às campanhas vacinais. A taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados aos pacientes com Covid-19 chegou a 80% em março, atingindo o pior patamar desde o início da crise.

 

Ainda neste mês, as palavras "Pfizer" e "Janssen" tornaram-se parte do vocabulário brasileiro. As novas "marcas" de vacinas tiveram finalmente o termo de intenção de compra assinado por Bolsonaro. No fim de março, Pazuello finalmente deu adeus à chefia do Ministério da Saúde. Em seu lugar, assumiu o cardiologista Marcelo Queiroga.

 

Em abril, o ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar omissões e possíveis desvios do governo no enfrentamento à pandemia. Em outubro, o Brasil atingiu a marca de 600 mil vidas perdidas.

 

CPI DA PANDEMIA: UM NOVO ESPETÁCULO POLÍTICO

Durante 90 dias, o Senado se concentrou em investigar os membros do governo suspeitos de prejudicarem o combate à vacinação. Foram colhidos mais de 100 depoimentos. O relatório final escrito pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) apontou ao menos sete contravenções penais e dois crimes ao presidente Bolsonaro, dentre eles o crime contra a humanidade. Além disso, as quase 1,3 mil páginas do relatório também pediram indiciamento de outras 77 pessoas, incluindo o ex-ministro Pazuello.

 

Como um dos desdobramentos da CPI, a PGR pediu a abertura de inquérito sobre suposta prática do crime de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro no caso da compra do imunizante indiano Covaxin, encabeçado pelo Ministério da Saúde, antes mesmo do uso da vacina ser liberado pela Anvisa em caráter emergencial. No relatório da CPI da Pandemia, também foi apontado superfaturamento na compra dos fármacos. Tanto Bolsonaro quanto os demais citados negam todas as acusações.

 

MUDANÇAS NOS PROGRAMAS SOCIAIS

O Auxílio Emergencial 2021 chegou em março, concedendo quatro parcelas mensais no valor de R$ 250 cada para evitar colapso da economia em meio à crise sanitária. Ainda assim, os preços da gasolina, do gás de cozinha, da carne e da cesta básica dispararam como nunca antes visto. O ano de 2021 fechou as contas com 10% de alta nos preços em média para o consumidor amplo. Com tudo mais caro, o caos da vulnerabilidade nutricional assolou o Brasil. Nos mercados, pessoas aproveitavam até ossos bovinos para tentar manter o almoço em dia.

 

Em agosto, Bolsonaro encaminhou a MP que extinguiu o Bolsa Família, substituindo pelo programa Auxílio Brasil. O programa diminuiu a quantidade de contemplados, apesar de aumentar os valores recebidos por família para R$ 400. Isso só foi possível após a promulgação da PEC dos Precatórios, sugerida pelo governo para economizar cerca de R$ 89 bilhões no orçamento com pagamentos de dívidas da União enquanto utilizaria parte da "verba" para custear os aumentos propostos pelo novo programa, válido apenas para o ano que vem.

 

LEILÃO DO 5G

Em novembro, a quinta geração de telefonia móvel, conhecida como 5G, foi o principal tema político envolvendo o Executivo. A concessão arrecadou cerca de R$ 47 bilhões e o Governo Federal forneceu frequências para as empresas de telefonia Claro, Vivo e TIM, tornando-se, de acordo com o Ministro das Comunicações Fábio Faria, o maior certame de radiofrequências da América Latina.

 

O QUE O MUNDO VIU DO BRASIL EM 2021

Além de perder força política e prestígio entre os apoiadores, Bolsonaro também viu a imagem do país se diluir ao longo de 2021. A participação do presidente na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) também ilustrou como há poucos admiradores de seu trabalho fora do Brasil. Durante a reunião do G20, nenhuma agenda bilateral com outros líderes foi marcada e até imagens de Bolsonaro isolado durante os encontros circularam nas redes.

 

Durante a participação de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, o presidente discursou por 12 minutos.

 

BRIGAS COM O STF

Mais para o fim do ano, Bolsonaro voltou a defender que tem um governo sólido. Participou de algumas manifestações em seu apoio, e tentou movimentar um protesto de cunho golpista no mês de setembro. No dia da independência, participou de manifestações em favor do fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e, inclusive, disse em palanque que não acataria mais as decisões do ministro Alexandre de Moraes, gerando uma repercussão extremamente negativa de praticamente todos os órgãos da Justiça.

 

Precisou pedir desculpas em uma carta aberta à nação coescrita pelo ex-presidente Michel Temer e dizer que jamais teve a intenção de suprimir um dos três poderes.

 

Durante as votações da PEC dos Precatórios, ainda viu sua carta na manga ficar em xeque: a ministra Rosa Weber ordenou a suspenção das emendas de relator, conhecidas como "orçamento secreto", sob o argumento de que havia pouca transparência na distribuição desses valores. O governo utilizava essas emendas para garantir o apoio de deputados e senadores em votações de interesse do Governo.

 

FUTURO INCERTO

Por fim, 2022 chega logo mais, e o ano promete mudanças radicais no cenário político brasileiro. A emulsão de uma "terceira via" e o retorno do ex-presidente Lula (PT) ameaçam o último ano de mandato de Bolsonaro, que corre contra o tempo para manter sua base aliada mais aliada, ao passo em que possivelmente terá de enfrentar o maior número de concorrentes à Presidência da República desde a redemocratização.