Após Bolsonaro negar compra da CoronaVac, Doria pede 'grandeza' ao chefe do Executivo

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que o Brasil não comprará as 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac, o governador de São Paulo, João Doria, pediu "grandeza" ao chefe do Executivo. Ambos têm trocado farpas em relação ao tema "vacina" nos últimos dias.
"Aproveito para pedir ao presidente que tenha grandeza e lidere o Brasil na saúde, na retomada de empregos. A nossa guerra é contra o vírus, não na política e não um contra o outro. Devemos vencer o vírus", afirmou o gestor paulista.
Nesta terça-feira (20), em reunião com governadores, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, anunciou que o país tinha feito um acordo para comprar as doses do imunizante chinês. A produção aqui seria feita pelo Instituto Butantan, com o governo de São Paulo como fiador.
No entanto, nesta quarta-feira (21), após a fala de Bolsonaro, o próprio Ministério da Saúde convocou uma coletiva urgente para dizer que houve um "erro de interpretação" quando se falou sobre a compra da CoronaVac (veja aqui).
Doria saiu em defesa da decisão anterior de Pazuello. "Peço a compreensão do presidente e o seu sentimento humanitário para compreender que seu ministro agiu corretamente. Agiu baseado na ciência, na saúde, na medicina, priorizando a saúde dos brasileiros. Não há razão para censurar, recriminar um ministro da Saúde por ter agido corretamente em nome da ciência e da vida. Há que aplaudi-lo, como foi aplaudido ontem por 24 governadores e por senadores e deputados que estavam presentes [na reunião desta terça]", disse.
Vale lembrar que, na última sexta-feira (16), o governador de São Paulo garantiu que, caso seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a CoronaVac será obrigatória no estado.
Na segunda-feira (19), Bolsonaro afirmou que "a vacina não será obrigatória e ponto final" (lembre aqui). "O país que está oferecendo essa vacina tem que primeiro vacinar em massa os seus, depois oferecer para outros países. Assim muita coisa é. Até na área militar, você só consegue vender um produto bélico para outro país depois que você usar no seu território e aquilo mostrar sua eficácia", disse o presidente.
Hoje, Doria cutucou novamente o chefe do Executivo. "Não classificamos vacina por razoes políticas, ideológicas, partidárias ou eleitorais. Vacina significa vida, proteção ao povo brasileiro, esta é a nossa visão", completou.
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