'Transformar vacina em questão política ou ideológica é um crime', critica ACM Neto
por Bruno Luiz

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), criticou nesta quarta-feira (21) a politização em torno do debate sobre a vacina contra a Covid-19. A declaração foi dada após o presidente Jair Bolsonaro dizer que não compraria o imunizante produzido por uma fabricante chinesa, menos de 24 horas após o Ministério da Saúde anunciar assinatura de protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses do produto (entenda aqui).
Ao falar sobre o assunto, Neto pediu que políticos fiquem de fora do debate sobre a vacina, deixando o assunto para a comunidade científica.
“Não dá para transformar a questão da vacina em questão política ou ideológica. Isso aí seria um crime contra o povo brasileiro. Como se trata de análise muito técnica, não é o presidente, o governador de São Paulo, o prefeito de qualquer cidade que tem que dar opinião sobre vacina. É uma questão técnica, a opinião precisa ser dada pela comunidade científica. Político não tem que se meter nisso, tem que ficar fora do debate”, defendeu.
Em reunião na semana passada com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Neto sinalizou interesse em adquirir para Salvador doses da vacina rejeitada por Bolsonaro, chamada de Coronavac. A atitude do presidente de não comprar o imunizante tem plano de fundo político.
Além de resguardar interesses do aliado Donald Trump, presidente dos EUA que disputa a hegemonia geopolítica mundial com a China, a vacina é feita no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, entidade pública do governo paulista. O estado, por sua vez, é governador por Doria, um dos principais desafetos políticos do presidente brasileiro. Bolsonaro teme que o adversário se captalize politicamente em cima da Coronavac.
Para Neto, se a vacina dos chineses tiver eficácia comprovada, o importante é disponibilizá-la para a população, independentemente de sua procedência. “Se tiver eficácia comprovada, não importa se é da China, dos Estados Unidos, do Reino Unido, o que temos é que disponibilizar a vacina. A comunidade científica não é besta, ela não vai convalidar qualquer posicionamento político. Se a vacina da China tiver a eficácia comprovada, a comunidade científica vai ser a primeira a validar”, defendeu.
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