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Justiça diz que Crivella e Rafael Alves protagonizavam corrupção na prefeitura do RJ

Justiça diz que Crivella e Rafael Alves protagonizavam corrupção na prefeitura do RJ
Foto: Reprodução / TV Globo

A decisão judicial que autorizou Operação Hades nesta quinta-feira (10) afirma que por trás de atos do prefeito Marcelo Crivella na Prefeitura do Rio está Rafael Ferreira Alves, que não tem cargo na administração municipal. Promotores afirmam que Rafael e Crivella têm papel de protagonismo em um esquema de corrupção na Prefeitura do Rio.

 

Rafael é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, e o teria indicado para o cargo.

 

Rafael é o dono do celular para qual o prefeito supostamente ligou durante uma operação da polícia, no dia 10 de março, mas a ligação foi atendida por um delegado. A reportagem exclusiva foi do RJ2 desta sexta-feira (11). O prefeito do Rio foi alvo de buscas e teve o celular apreendido em investigação nesta quinta-feira (10).

 

Elementos da investigação mostram que o poder de Rafael Alves vai muito além do setor de turismo, segundo reportagem divulgada no Jornal Nacional. Alves não tem cargo em nenhum órgão ligado à prefeitura do Rio. Ele também não é funcionário terceirizado, mas investigações do Ministério Público revelam que ele "manda muito".

 

Segundo o G1, no despacho da desembargadora Rosa Helena Guita, que determinou a operação desta quinta, uma frase traduz o poder de Rafael Alves sobre o prefeito Crivella: "A subserviência do prefeito a Rafael Alves é assustadora".

 

Há seis meses, o Ministério Público estadual e a Polícia Civil realizavam a primeira fase da Operação Hades. Na casa de Rafael Alves celulares foram apreendidos. Um deles tocou, nas mãos do delegado Clemente Braune, que atendeu a chamada. Em um documento, o delegado reproduziu as palavras de Crivella.

 

"Alô, bom dia, Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur? Você está sabendo?" E o delegado responde: - Sim, estou ciente. É uma investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro. O delegado disse que ao perceber que não era Rafael Alves, o prefeito encerrou a chamada imediatamente.

 

Segundo a decisão judicial, que determinou a operação desta quinta-feira, na análise do conteúdo dos telefones celulares de Rafael apurou-se que o prefeito figura como um de seus mais frequentes interlocutores.

 

Num dos aparelhos telefônicos apreendidos havia 1.949 mensagens trocadas entre eles, muitas delas contendo linguagem cifrada, deixando transparecer que seu conteúdo não poderia ser tratado por meios de comunicação convencionais.

 

Segundo os investigadores, a ascendência de Rafael sobre o prefeito Crivella chega ao ponto de ele exigir, incisivamente, ser ouvido, antes da tomada de qualquer decisão.

 

A investigação mostra ainda que o empresário interfere na escolha de empresas para prestar serviços aos mais diversos setores da administração e aponta pessoas para ocupar cargos-chave. Numa troca de mensagens com o prefeito, Rafael disse:”deixei pro senhor uma indicação - presidência Prevrio”.

 

Rafael tem voz ativa dentro do governo municipal a ponto de exigir a anulação de atos administrativos, como se o prefeito fosse seu subordinado. Segundo a decisão da justiça, o empresário tratou a campanha eleitoral de Crivella como uma banca de negócios visando retorno financeiro.

 

Em uma outra troca de mensagens, Rafael afirmou: “Não quero cargo nem status, quero retorno do que está sendo investido”. Diz o documento da justiça que Rafael Alves é notório no seio do grupo criminoso, tanto que é conhecido como “Trump”, uma referência ao presidente americano.

 

No documento, há reproduções também de conversas entre Rafael e o doleiro Sérgio Mizrhaiz, delator do esquema. Em uma conversa, Rafael avisa que precisa passar no Península: “na casa do chefe pra deixar um lance lá”.

 

O lance ao qual Rafael se refere, segundo o MP, é dinheiro em espécie. Península é o condomínio onde mora o prefeito.

 

De acordo com a investigação, certa vez, Rafael Alves reclamou diretamente com Sergio Mizrah sobre a demora pelo recebimento de uma quantia e, por mensagem, falou: “Aquela situação seria um “vacilo” e que era “parada” para o zero um”, em expressa alusão ao atual prefeito.

 

O documento do MP também registra crises na relação entre Crivella e Rafael Alves. Rafael usa com Crivella termos como: “covardia”, “falta de palavra comigo eu não vou aceitar”. E se irrita com a possibilidade de o irmão deixar a presidência da Riotur, o que aconteceu depois da primeira fase da operação.

 

Entre os momentos tensos entre os dois, ele fala: “É um falso de duas caras que na frente é uma coisa e por trás é outra”. E, em letras maiúsculas, que na linguagem da internet significa grito, Rafael escreve: “Eu não aceito isso. Não aceito falta de palavra comigo. Fui leal até aqui.”

 

Para o Ministério Público, o conteúdo das mensagens é perturbador, postura típica de quem tem conhecimento de fatos que, caso tornados públicos, podem causar prejuízos irreparáveis a seu interlocutor, no caso, o prefeito Crivella.

 

Os promotores são enfáticos em dizer que as provas obtidas a partir das buscas e apreensões confirmam as suspeitas iniciais e revelam a efetiva participação e o protagonismo de Crivella no gigantesco esquema de corrupção, peculato, fraude a licitação e lavagem de dinheiro instalado no município do Rio.

 

A defesa de Rafael Alves informou que ele refuta as acusações. E disse que tenta, há mais de nove meses, prestar esclarecimentos ao Ministério Público, mas não teve essa oportunidade.

 

O prefeito Marcelo Crivella voltou a afirmar que já havia colocado à disposição os sigilos bancário, telefônico e fiscal, que estranhou a operação de busca e apreensão, considerando que estamos em período eleitoral, que a ação é injustificada, e que ele não é réu nesta ou em qualquer outra ação.