Mais longevo primeiro-ministro da história do Japão, Shinzo Abe renuncia

Mais longevo primeiro-ministro da história do Japão, Shinzo Abe renunciou ao cargo nesta sexta-feira. A decisão teve como motivo um problema de saúde que o acompanha desde a adolescência: colite ulcerativa crônica. De acordo com o G1, Abe segue exercendo suas funções até que seu substituto seja nomeado.

 

"Minhas condições de saúde não são perfeitas. Problemas de saúde podem levar a decisões políticas erradas", justificou, em entrevista coletiva dada na capital Tóquio. 

 

O agora ex-primeiro-ministro revelou estar "profundamente triste". Ele só deixaria o posto em setembro de 2021. "É angustiante ter que deixar meu cargo antes de realizar meus objetivos”, disse Abe.

 

Essa não é a primeira vez que o governante deixa o cargo mais importante do Executivo japonês por causa de sua doença. Abe foi primeiro-ministro entre 2006 e 2007, quando também renunciou. No início deste ano, ele constatou uma nova recaída, após fazer exames de rotina.

 

Na manhã desta segunda-feira (24), Abe chegou a passar 8h em um consultório do Hospital Universitário Keio, em Tóquio. A colite ulcerativa crônica permite à pessoa que ela tenha uma expectativa de vida normal, desde que haja um tratamento com revisão contínua.

 

GOVERNO 

 

Shinzo Abe assumiu o cargo de primeiro-ministro pela segunda vez em 2012, para encerrar o período de poder da centro-esquerda, que ocorreu entre 2009 e 2012. Este triênio, inclusive, ficou marcado pelo terremoto e tsunami de março de 2011, que acarretaram na catástrofe nuclear de Fukushima.

 

Desde então, o premiê ficou no comando do Japão por 2.799 dias consecutivos. Sua política foi voltada principalmente para os assuntos internacionais. Abe estabeleceu boas relações com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e não teve êxito ao tentar fazer isso com China, Coreia do Sul e Coreia do Norte, devido ao seu nacionalismo.

 

Durante a pandemia do novo coronavírus, sua popularidade diminuiu. O país contabiliza, até o momento, 62 mil casos da doença, que resultaram em 1,2 mortes, com aumento nos números desde o início de julho.

 

Em seu anúncio, Abe não chegou a dar pistas sobre quem será o sucessor dele no cargo. São favoritos: O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, e o ministro das Finanças, Taro Aso. No entanto, também está no páreo o ex-ministro das Relações Exteriores e estrategista político do Partido Liberal-Democrata, Fumio Kishida.