Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Geral

Notícia

Estudantes de Medicina 'clamam' por internato; Sesab indica falhas no sistema do MS

Por Ailma Teixeira

Estudantes de Medicina 'clamam' por internato; Sesab indica falhas no sistema do MS
Foto: Reprodução / UEM

Um grupo de internos de Medicina da Bahia fez uma solicitação formal à Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) para que as atividades do internato, quando atuam em unidades de saúde sob a supervisão de preceptores, sejam retomadas. Em um abaixo-assinado, que conta com mais de 500 assinaturas, eles defendem a causa ao destacar que a pandemia do novo coronavírus requer "esforços mútuos no âmbito das possibilidades de gestão e deliberação" do secretário da pasta, Fábio Vilas-Boas. Os estudantes citam o programa federal "O Brasil conta comigo", que não avançou na Bahia, como um das soluções para o problema. No entanto, a Sesab aponta falhas no processo de credenciamento de unidades para receber alunos aptos.

 

"Entendemos que a inserção dos internos sob supervisão no sistema de saúde (SUS) juntamente a atuação dos profissionais de saúde, neste momento, é de fundamental importância, especialmente, na manutenção das atividades da assistência básica e nos diferentes níveis de atenção à saúde", diz um trecho do texto encaminhado pelos estudantes.

 

Um dos alunos que integra o grupo, José William Oliveira, ressaltou a importância do internato para a sociedade. "É um estágio obrigatório, mas os serviços demandam da gente, temos uma importância social na cadeia do SUS, pois existe todo um custo do curso de Medicina, que é muito caro e temos uma mão de obra qualificada", defende Oliveira, que é aluno da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em conversa com o Bahia Notícias.

 

Na foto, o interno José William Oliveira | Arquivo Pessoal

 

O internato foi suspenso desde março, quando os primeiros casos do coronavírus foram registrados na Bahia e os governos estadual e municipais adotaram medidas para suspender serviços não essenciais.

 

Com isso, o grupo pede não só o retorno do estágio, mas "incentivo público e apoio" à construção de um plano de ação voltado ao retorno dessa atividade; transparências dos órgãos municipais e estaduais quanto à disponibilidade de vagas; esforços e, caso necessário, a "criação de fundos específicos para o custeio de equipamentos de proteção individual para os internos de Medicina alocados em instituições públicas"; incentivo da garantia de qualidade de ensino nos campos de prática e reconhecimento da capacidade de trabalho; apoio à desvinculação dos estágios curriculares obrigatórios dos calendários acadêmicos institucionais; incentivo à antecipação da formatura dos internos que alcançarem a carga horária mínima; e apoio à manutenção das vagas previstas para o internato aos estágios curriculares obrigatórios e não remanejamento de professores das universidades estaduais para outros fins.

 

O documento é apoiado por estudantes da Ufba, como Oliveira, mas também da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Unime, Unifacs, UNIFTC, UNIFG e a Escola de Medicina e Saúde Pública (Bahiana).

 

Procurada pelo Bahia Notícias, a Sesab disse que não recebeu nem teve conhecimento do referido documento. Neste sentido, Oliveira destaca que o diálogo "tem sido muito difícil".

 

O BRASIL PODE CONTAR COMIGO?

Quando a pandemia se instalou no país, uma das ações do Ministério da Saúde foi lançar o programa "O Brasil Conta Comigo", que consiste na convocação de estudantes do 5º e 6º ano de Medicina e do último ano dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia para atuarem no combate à Covid-19. Mas alunos de Medicina na fase de internato também apontam que, apesar de ter centenas de internos disponíveis, isso não vem acontecendo.

 

Neste ponto, a Sesab afirma que aderiu ao programa do governo federal e inscreveu 24 unidades de saúde, mas nem todas elas conseguiram finalizar o cadastro no sistema do ministério. De acordo com a pasta, o edital indica que o cadastramento deve ocorrer em três etapas: na primeira, o "gestor", que é o secretário, preenche um formulário indicando os estabelecimentos de saúde que poderão receber os estudantes; na segunda etapa, os "gestores das unidades de saúde", após receber uma correspondência eletrônica com orientações para o uso do sistema, devem preencher mais um formulário, indicando os profissionais nas áreas de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia que vão supervisionar os alunos; e na terceira etapa, esses "supervisores", também após receber correspondência eletrônica com orientações sobre o sistema, vão preencher o formulário, informando o turno que pretendem exercer as atividades profissionais e de supervisão e também o quantitativo de até quatro alunos, compatível com sua categoria profissional.

 

De acordo com a secretaria estadual, as unidades de saúde enfrentaram problemas para concluir essas duas últimas fases. Com isso, das 24 unidades inscritas, apenas quatro concluíram o cadastro, somando 29 alunos. É o caso do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), que convocou quatro estudantes de enfermagem; o Hospital Estadual da Criança (HEC), com três estudantes de fisioterapia; o Hospital do Oeste, com quatro estudantes de Farmácia, um de Enfermagem e cinco de Medicina; e a UPA Jequié, com um estudante de Farmácia, cinco de Enfermagem e seis de Medicina.

 

Posteriormente, o titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas disse ao BN que determinou "a convocação imediata de todos os setores responsáveis envolvidos e dos diretores de unidades que não viabilizaram as vagas". Ele destaca que os programas de internato são tratados como prioridade. 

 

O BN, então, buscou o Ministério da Saúde para obter um esclarecimento e a pasta ficou de responder até esta sexta-feira (10).

 

As demais unidades inscritas, cujo processo não foi finalizado foram o Hospital Regional Dantas Bião (HRDB); Hospital Geral de Camaçari (HGC); Hospital Regional Mario Dourado Sobrinho (HRMDS); Hospital Geral de Guanambi (HGG); Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC); Hospital Geral de Ipiaú; Hospital Geral de Itaparica (HGI); Hospital Geral Prado Valadares (HGPV); Hospital Regional de Juazeiro (HRJ); Hospital Deputado Luís Eduardo Magalhães; Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães (HRDLEM); Hospital Regional da Chapada (HRC); Unidade de Pronto Atendimento de Vitória da Conquista (UPA VCA); Hospital Santa Rita de Cássia; Hospital Especializado Mário Leal (HEML); Hospital Especializado Otávio Mangabeira (HEOM); Hospital Estadual Professor Eládio Lasserre (HPEL); Hospital do Subúrbio (HS); Unidade de Emergência Mãe Hilda de Jitolu (UE Curuzu); Unidade de Pronto Atendimento de São Caetano (UPA São Caetano). (Atualizada às 8h48 de 10 de julho)