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Sem conseguir retornar para o Brasil, modelo baiano diz ser vítima de xenofobia na Turquia

Por Mari Leal

Sem conseguir retornar para o Brasil, modelo baiano diz ser vítima de xenofobia na Turquia
Foto: Reprodução / Ford Models

O modelo baiano, da cidade de Ilhéus, Eric Fraga utilizou as redes sociais para relatar as dificuldade que vem enfrentando para retornar ao Brasil desde que a pandemia do novo coronavírus ganhou força, assim como ocorrências de xenofobia que tem sofrido em Istambul, na Turquia, onde está há cerca de quatro meses. De acordo com Eric, ele e outros brasileiros estão em contato com o consulado brasileiro naquele país, mas sem sucesso. O modelo pede ainda interferência do Itamaraty para ajudar a solucionar a questão. 

 

"Venho em contato com o consulado do Brasil em Istambul para saber mais informações da prometida repatriação, já fui no meu consulado diversas vezes e ainda não me deram respostas concretas, e nem medidas para que eu possa continuar aqui na cidade, esse processo já está acontecendo por mais ou menos 2 meses e realmente não entendo porque a repatriação não está acontecendo aqui", escreve. 

 

Eric conta ainda que tinha um voo marcado para o Brasil e o ticket havia sido comprado para 2 semanas a partir da data de aquisição. "Após uma semana da compra o meu voo foi cancelado. Agora tenho dificuldade para emitir um novo ou conseguir o dinheiro total gasto em retorno. Isso me faz pensar que está acontecendo um aproveitamento econômico da situação mundial de saúde e lucro injusto de grandes companhias aéreas, pois não me entra na cabeça os valores dos tickets estarem até 4x mais caro do que o normal, em uma situação extrema como estamos vivendo". 

 

Na postagem, o modelo também relata três casos de racismo e xenofobia sofridos nos últimos dias. Segundo ele, a comunidade local associa aos estrangeiros a responsabilidade pela propagação do vírus. "3 dias atrás tivemos um cidadão batendo na porta do meu apartamento gritando, e me perguntando porque não volto ao meu país. Somos facilmente reconhecidos. Você já imaginou estar em casa e uma situação dessa acontecer por conta da sua raça?", conta.

 

E ainda descreve: "Lockdowns estão funcionando aqui na cidade. Dias de feriados não se podem sair e finais de semana também, nesta semana coincidiu de que foi feriado na quinta e sexta feira, logo, emendando com o sábado e o domingo. 4 dias locked… Hoje, domingo de manhã, olhei por minha janela e vi que a vendinha situada literalmente ao lado do meu prédio estava aberta. Quando falo ao lado me refiro a parede grudada com parede. Então desci, abri a porta e fui entrar na vendinha. Por coincidência, passou uma viatura da polícia em frente ao prédio e me viu entrando na venda. Entraram com tudo me empurrando e gritando. Respondi em inglês que não sou daqui e que somente estava vindo por água, e mesmo assim pedi desculpas pelo inconveniente. Não satisfeitos, me empurraram de novo para porta da loja e a gritos pediam o meu passaporte. Subindo as escadas e os levando a porta do meu apartamento apresentei meu passaporte, e me fizeram descer, chegando a base do edifício eles estavam irredutíveis e me cobraram uma taxa de 2500 reais, perguntei por quê? E eles me responderam dizendo que sou um criminoso. O próprio dono da venda foi muito solidário ao estar junto comigo no momento e conseguir respondê-los na língua local", conta Eric. 

 

"Aqui não tenho nenhum suporte, vendo que a minha agência local representante se largou de todas as responsabilidades postas previamente, como dinheiro semanal, apartamento e transporte, alegando a situação do coronavírus, onde teriam que fechar as portas", acrescenta.

 

"Não coloco a minha situação maior nem menor do que a de ninguém. Peço um apelo ao Itamaraty que dê uma atenção aos mais de 100 brasileiros reunidos aqui na Turquia, peço que todo o esforço que estamos fazendo para entrar em contato com o consulado e forças superiores não seja em vão. Há muitos brasileiros aqui em situações totalmente distintas, porém todos estão unidos com um propósito, vontade de voltar a casa, as suas famílias, tenho pai, mãe, irmão, avó e avô, tios e tias".

 

O desejo de Eric em retornar ao Brasil foi intensificado nos últimos dias após seu pai ter sido diagnosticado pelo novo coronavírus no Brasil.