Sem luz, água e mantimentos: Ocupantes deixaram Odorico após pressão da PM; veja
Por Lucas Arraz / Matheus Caldas
O protesto na última terça-feira (21) que culminou na ocupação do Colégio Odorico Tavares, em Salvador, teve encerramento na madrugada desta quarta-feira (22) (leia mais aqui) por conta de uma pressão feita pela Polícia Militar. Uma estudante que preferiu não se identificar narrou os fatos, registrou o corte de luz e água dentro da escola e indicou que houve o corte do fornecimento de mantimentos.
“Chegaram alguns mantimentos. Nós conseguimos dialogar com a polícia e permitir que entrasse uma parte. Só que, depois que acabou chegando mais mantimentos houve o corte. Recebemos, inicialmente três pacotes de pão e 12 iogurtes”, contou, em entrevista ao Bahia Notícias. “Até porque, acredito eu, que a operação deles [polícia] era nos vencer pelo cansaço”, opinou.
Segundo a estudante, o diretor da escola orientou o corte de água e luz. “O diretor que esteve o tempo todo acompanhando o processo orientou os funcionários da escola que desativassem tanto a energia quanto a água”, explicou.
À medida em que o tempo passava, a pressão externa policial teria sido maior para retirar os ocupantes do Odorico. Segundo ela, agentes do Centro de Operações Especiais (COE) da polícia chegaram a forçar uma entrada pelo fundo da escola, que tem acesso pelo Vale do Canela. “Acredito eu que eles receberam a informação de que havia menores de idade no prédio, então eles recuaram. Mas, ainda assim, não sei se eles ou a PM, o portão do Canela foi serrado”, narrou.
Antes do recuo, no entanto, os policiais teriam conseguido acesso às dependências do prédio. Com a retirada da imprensa no local, os ocupantes passaram a temer pela integridade física. “Começamos a temer por nossas vidas. É muito complicado nos expormos dessa maneira. Como tivemos uma resolução positiva, decidimos sair para poder permanecer com o diálogo. Mas, de qualquer forma, saímos vitoriosos dessa situação, pois, apesar do que quer que digam, o fato de conseguimos fazer uma ocupação legítima, sem vítimas, sem violência, e conseguir passar nosso recado (...) já é uma grande vitória”, desabafou.
MOTIVOS DA OCUPAÇÃO
De acordo com a estudante, o ato englobou três reinvindicações: o fechamento de escolas estaduais na Bahia, a demissão “em massa” de funcionários terceirizados e a portaria 770 do governo do estado, assinada em 9 de setembro do ano passado, pelo secretário de Educação (SEC), Jerônimo Rodrigues. “Até então, na nossa ocupação, desde o começo, nós deixamos muito claro, que era pacífica, justificando que era contra o fechamento de escolas em todo o estado, não apenas o Odorico Tavares. Também sobre a portaria 770 (...) e, também, contra a demissão em massa dos funcionários terceirizados”, explicou.
PORTARIA 770
O texto fala em interesse do estado no “suporte administrativo e operacional no âmbito das Unidades Escolares Estaduais da Bahia”. A portaria se estende a unidades de Salvador, Alagoinhas, Ilhéus e Itabuna.
Para a estudante, este é “um projeto do governo do estado que visa privatizar a educação pública, projeto esse que se assemelha muito com o Future-se, do governo federal”.
Veja os registros abaixo:
