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Feedback negativo: Rui 'testa' recepção e retira PEC da Previdência para reapresentá-la

Por Fernando Duarte

Feedback negativo: Rui 'testa' recepção e retira PEC da Previdência para reapresentá-la
Foto: Charge do Borega

Falta de estratégia ou não, só o futuro irá dizer. Porém tirar da pauta da Assembleia Legislativa (AL-BA) a Proposta de Emenda à Constituição da Bahia da reforma de Previdência pegou de surpresa muita gente, inclusive próxima ao governo. Achei que iria demorar uma comparação assim, porém me parece que o governo Rui Costa profissionalizou a lógica bolsonarista de testar a percepção pública de um projeto e só depois colocá-lo para valer em tramitação. Pelo menos é essa a impressão que ficou após o episódio de enviar e recolher a PEC.

 

A articulação do governo não vai admitir. Entretanto, a liminar de Hilton Coelho (PSOL) que suspendeu a tramitação do projeto arranhou a imagem já desgastada das mudanças na Previdência dos servidores estaduais. A decisão judicial poderia não ter resultado prático a longo prazo, mas endossou facilmente o discurso de que o Executivo errou a mão ao acelerar demais sem dialogar com as categorias envolvidas. Isso até faria sentido em um modelo de relação tensa ou distante com sindicatos. Não deveria ser o caso de um governo petista, cujas bases políticas estão nas relações sindicais – apelidadas de “movimentos sociais” para evitar reações adversas da sociedade anti-esquerda.

 

Agora, diante do percalço jurídico e da corda ter esticado mais do que o necessário – e sem necessidade –, restou ao governo recuar ao ponto de reapresentar o projeto. E esse recuo inclui até a mudança na ordem com que as matérias são apreciadas pelo plenário. Como houve algumas concessões a categorias como professores e policiais militares com projetos enviados após a PEC chegar à Assembleia, votá-las antes da reforma da Previdência diminui a resistência de duas categorias que poderiam fazer muito barulho e ampliar o desgaste político em pleno ano eleitoral.

 

Há um esforço para que esse “passo atrás” seja enquadrado como uma espécie de benevolência do governo. É uma estratégia discursiva que funciona para o grande público e para parte do movimento sindical. No entanto, como há um crescente de tensão entre entidades representativas e o Executivo após anos sem reajuste salarial, uma gota d’água pode fazer transbordar um caldo de ressentimento acumulado – algo que nenhum governo gostaria de lidar. Por isso, até a aprovação dessa série de mudanças na Previdência, veremos apenas lobos fantasiados de cordeiro, em meio às articulações governistas na Assembleia.

 

Para além do desgaste dos projetos, há também a exposição dos deputados estaduais ao constrangimento de embolsarem mais de R$ 50 mil cada um para a convocação extraordinária. Se o governo não tem sido tão “parceiro” para atendê-los ou com a liberação de emendas, a boa nova dos salários extras até serviria de consolo, caso não fosse acompanhada da repercussão negativa. Agora é preciso dosar para saber se vale comprar uma briga que não é deles. Como o governo bateu cabeças nessa primeira fase, os parlamentares têm a faca e o queijo para revidar a falta de atenção do último ano...

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (15) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM de Nazaré.