PT aposta em 'peso' de Bruno Reis e aguarda Bellintani para definir futuro em Salvador
por Fernando Duarte

O PT de Salvador deve manter, pelo menos em um primeiro momento, a perspectiva de uma candidatura própria a prefeito em 2020 na capital baiana. Essa é a corrente majoritária e que encontra amparo no histórico do partido. A expectativa, segundo informações que circulam nos bastidores, é que essa tese seja sustentada pelo menos até o Carnaval, quando tradicionalmente as legendas definem o futuro eleitoral. Mas nada impede que haja alguma alteração nesse quadro. Tudo depende do desenrolar de algumas articulações e também de como deve se comportar o grupo político de ACM Neto, prefeito de Salvador e apoiador do candidato a ser batido.
Parte das articulações passa pela definição se o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, estará no pleito. O dirigente esportivo definiu como prazo mínimo para tomar uma decisão o mês de dezembro e, a depender do andar da carruagem, pode deixar o comando da equipe para tentar alçar voos numa tentativa de chegar ao Palácio Thomé de Souza. Como a possibilidade de Bellintani se filiar ao PT é praticamente nula, ele teria que vir por outra sigla e a composição com o PT seria um impulso adicional para ele.
O caminho inicial aponta que Bellintani deve se filiar ao PSB, caso opte pela candidatura. O partido possui certo nível de diálogo com segmentos da sociedade não atingidos pelo PT e talvez aí resida o olhar “carinhoso” do governador Rui Costa para a virtual candidatura do presidente do Bahia. E aí a articulação em torno de Bellintani influencia diretamente nesse processo decisório do PT em Salvador. Com Rui insistindo em “bancar” o dirigente, o partido precisa ter uma alternativa para participar do processo. Se não, a candidatura própria, ainda que sirva apenas para marcar território, deixa de ser necessária para ser imprescindível.
Há ainda uma pressão adicional pela candidatura de um petista ao Palácio Thomé de Souza. Em 2016, a legenda abriu mão da cabeça de chapa em prol de Alice Portugal (PCdoB) e assistiu ao principal adversário, ACM Neto, ser reeleito com uma margem expressiva de votos. Para muitos petistas, essa “bondade” do último pleito municipal precisa ser compensada no próximo, razão pela qual o PT não deveria deixar de ter um candidato a prefeito.
Outro fator extremamente relevante nesse processo é o candidato escolhido por ACM Neto. Os caminhos sugerem o nome do vice, Bruno Reis, para participar do pleito com o aval do atual prefeito. E, na avaliação dos adversários, Bruno Reis é um candidato “pesado” para a construção enquanto projeto de continuidade, mesmo que remodelado. Sem o DNA do ex-senador ACM, o vice até agora não teria mostrado habilidade para ser “novo”, ficando ainda sob a pecha de ser uma sombra do prefeito. No entanto, esses conceitos podem ser trabalhados e, até a eleição, a situação pode ser diferente.
Os petistas têm o desafio de se reinventar na capital baiana para tentar, finalmente, chegar ao poder - nem que seja ocupando uma cadeira de vice. Todavia até aqueles defensores da candidatura própria entendem que adiamentos sucessivos de uma decisão assim podem atrapalhar o desempenho eleitoral na principal cidade da Bahia. Por isso, não se enganem se houver a aceleração desse debate até o final de 2019.
Este texto integra o comentário desta segunda-feira (21) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.
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