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Orquestrados ou não, ataques de Bolsonaro a Bivar servem para simular distância do PSL

Por Fernando Duarte

Orquestrados ou não, ataques de Bolsonaro a Bivar servem para simular distância do PSL
Foto: Divulgação

Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao PSL foram providenciais. Ao longo da última semana, sobraram momentos em que o chefe do Executivo tentou manter um distanciamento da sigla que deu guarida à eleição dele. Até ali, a estratégia parecia ter referência ao indiciamento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. No entanto, com a permanência dele no posto, faltava uma explicação mais lógica para as farpas públicas direcionadas ao dirigente do PSL, Luciano Bivar. Não falta mais. Nesta terça-feira (15), uma operação da Polícia Federal, deflagrada com autorização da Justiça Eleitoral de Pernambuco, expôs que a reação de Bolsonaro ao partido pareceu muito mais coerente: manter uma separação regulamentar para evitar respingos.

 

O PSL saiu de uma legenda de aluguel para um dos principais partidos do Brasil, alicerçado na força do bolsonarismo das eleições de 2018. Passada a lua de mel, muito comum em períodos pós-eleitorais, os choques pelo controle partidário foram aos poucos sendo expostos e o clã Bolsonaro e os aliados mais próximos começaram a mexer pauzinhos para provocar a derrocada dos “donos da sigla”. Tanto que o fogo amigo contra Bivar já vinha aparecendo aos poucos na imprensa e até mesmo a demissão de Gustavo Bebianno da Esplanada dos Ministérios, ainda nos meses iniciais do governo, deu sinais iniciais de desgaste.

 

O laranjal do PSL, como ficou conhecido o escândalo de candidaturas falsas de mulheres para cumprir a cota mínima exigida na legislação, não necessariamente é um fenômeno novo e exclusivo da legenda. Nos bastidores, fala-se com frequência das estratégias que partidos usavam para burlar a lei eleitoral sem cometer crimes. A diferença é que o partido que elegeu o presidente da República passou da conta em ao menos dois estados, Minas Gerais e Pernambuco. Enquanto que o mineiro Marcelo Álvaro Antônio seguiu “comendo quieto” e ainda permanece no Ministério do Turismo, Bivar aparentemente foi jogado aos leões com o objetivo implícito de conseguir obter o comando do PSL.

 

Lembremo-nos que o problema não é identificação ideológica com a sigla. Até porque, segundo esse segmento político, ideologia só existe quando envolve a esquerda – quando se fala da direita, o conservadorismo é um “modo de viver”. A disputa é, principalmente, pelo controle do fundo partidário, cuja cifra do PSL está entre as maiores pós-eleição de 2018. A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada no último final de semana em São Paulo e bancada pelo Instituto Índigo, ligado à legenda, é uma amostra da expectativa de uso de recursos públicos por parte desse grupo político. O evento custou mais de R$ 1 milhão.

 

O afastamento de Bolsonaro de Bivar caiu como uma luva no contexto de que o atual presidente do PSL seria alvo de uma operação da PF dias depois de brigas públicas entre os dois. Dificilmente saberemos se o presidente teve acesso à informação privilegiada ou, simplesmente, acertou o momento para disparar petardos. O resultado, todavia, é bem claro: se a lama do PSL de Bivar resolver respingar, Bolsonaro estará a alguns metros de distância da poça.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (16) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.