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Greve não greve: entre blefes e boatos, movimento de policiais segue desidratando

Por Fernando Duarte

Greve não greve: entre blefes e boatos, movimento de policiais segue desidratando
Foto: Divulgação

Há pelo menos uma semana muitos baianos convivem com uma dúvida simples, mas difícil de ser respondida: afinal, há uma greve de policiais militares? De acordo com a guerra de informação travada entre o governo da Bahia e o líder do movimento, o deputado estadual Soldado Prisco (PSC), não existe paralisação. No máximo um movimento isolado de um grupo relativamente pequeno de policiais que insiste em simular uma parada das atividades. No entanto, no submundo das redes sociais, não pararam de surgir boatos e rumores de atos de vandalismo, falta de policiais e um caos generalizado. Em verdade, muita mentira.

 

Alguns policiais eventualmente parados, especialmente praças, erraram na mão ao tentarem criar um ambiente de instabilidade para provocar tensão na população. Foram atos isolados, porém o governo conseguiu facilmente atrelar os responsáveis ao grupo que segue paralisado. Os atos, de acordo com relatos, vão desde ataques a ônibus – que gerou até um policial baleado – a tiros contra viaturas esvaziadas. Diante da repercussão negativa, mesmo o espírito de corpo, tão presente no militarismo, não falou mais alto. Não foram poucos os integrantes da corporação a criticar a estratégia adotada.

 

Ainda assim, essa pseudo-greve, incorporando a visão oficial sobre o movimento, não deixa de ser uma pedra incômoda no sapato do governo baiano. Na última semana, a paralisação pontual ameaçou, por exemplo, a ida do governador Rui Costa para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce. O chefe do Executivo decidiu embarcar na data-limite para chegar ao Vaticano, justamente para evitar deixar a Bahia em uma pequena crise. O endosso do Ministério Público da Bahia (MP-BA) de que não havia movimento paredista foi essencial para “liberar” Rui para a viagem internacional. O que não quis dizer que a suposta greve acabou.

 

Prisco e seus liderados seguem numa espécie de resiliência masoquista, insistindo para que o governo abra uma janela de negociação. No entanto, quando houve uma reunião de mediação organizada pelo presidente interino da Assembleia Legislativa da Bahia, Alex Lima, o deputado estadual mentiu para os policiais ao sugerir que o encontro seria uma mesa para negociar o fim da paralisação. Para quem conhece um pouco a forma como Rui lida com esses problemas, é fácil identificar que aquela reunião não seria de negociação, mas apenas um aceno – ligeiramente irresponsável por parte da AL-BA – de que era possível conversar.

 

Por enquanto, não há sinal de arrefecimento por parte do movimento paredista. Pelo discurso, os policiais que acreditam na greve vão seguir fazendo uma espécie de operação tartaruga para evitar punições severas, enquanto esticam um pouco mais a corda na relação com o governo. Uma coisa é certa: o resultado dessa mobilização deve tornar Soldado Prisco menor do que entrou. Ao invés de xadrez, o jogo dessa vez foi o pôquer entre instituições. Com direito a blefe e uma rodada em que os jogadores perderam para a mesa.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (15) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.