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Leo Prates e a estratégia de 'dividir para conquistar' nas eleições de 2020

Por Fernando Duarte

Leo Prates e a estratégia de 'dividir para conquistar' nas eleições de 2020
Foto: Reprodução / Instagram

A proximidade de Leo Prates com o PDT não é por mero desejo pessoal do deputado estadual licenciado. Há certo planejamento estratégico do grupo político de ACM Neto, mesmo que não seja evidenciado. “Cão de guarda” do prefeito enquanto esteve na Câmara de Vereadores e agora na Secretaria Municipal de Saúde, Leo é uma figura de confiança do gestor da capital baiana. Com a possibilidade pequena de se viabilizar como candidato a prefeito no DEM, preferiu adotar uma postura comum em guerras: dividir para conquistar.

 

O candidato de ACM Neto é Bruno Reis. Não precisa nem gastar muita energia para entender os passos dados publicamente por ambos. O prefeito alocou o vice para liderar a Secretaria de Infraestrutura e “colocar a cara no sol” em assinaturas de ordem de serviço e entregas de obras. Ao longo da última semana, o atual ocupante do Palácio Thomé de Souza sinalizou publicamente certa “saudade” do dia da eleição em 2016, em uma foto em que posava ao lado de Bruno Reis comemorando. Para adversários e aliados, foi um reforço da tese de que, em dezembro, o vice será alçado à condição de candidato.

 

No entanto, caso Bruno Reis não decole nas pesquisas de intenção de voto, ACM Neto precisará alavancar o postulante a sucessor. Sob o risco de perder a única grande capital sob comando do Democratas. Aí entra em cena essa articulação de Leo Prates. Além de figurar como um plano B efetivo, dentro do universo de fieis companheiros do prefeito, a aproximação do secretário com a esquerda – ou melhor, centro esquerda – amplia o eventual alcance da aliança política em torno do projeto de continuidade de poder desse grupo político.

 

Com o cenário atual, é praticamente nula a chance de Prates vir a substituir Bruno Reis nessa corrida eleitoral. Porém, ao trazer na garupa um partido como o PDT, o deputado estadual licenciado ganha um trunfo importante para conquistar uma vaga de vice. Esse movimento, todavia, não vai acontecer antes de 2020 e todas as conversas ficarão como especulação até a próxima janela partidária. Até lá, o PDT vai manter a perspectiva de ter uma candidatura própria na capital baiana e investir na possibilidade de ter um nome ligado ao atual prefeito na disputa. É inteligente, pois mantém a sigla na “crista da onda” das discussões em Salvador.

 

Mesmo que os pedetistas marchem com Léo Prates, a depender do ritmo das pesquisas do próximo ano, ter alguém entre os partidos de centro-esquerda pode “roubar” votos do grupo político mais ligado ao governador Rui Costa. Sem unanimidade do lado do petista, o “sonho” da candidatura unificada em torno de Guilherme Bellintani, por exemplo, pode ficar ainda mais distante para a oposição a ACM Neto. Ou seja, o PDT é relevante na construção desse bloco e, ao “abandonar o barco”, pode ser crucial para desmontar o arco de alianças.

 

Não é só mera vontade de Leo Prates ou apenas a benevolência de ACM Neto que podem alocar um escudeiro no PDT. São diversos fatores que podem explicar, em parte, a lógica dos debates sobre alianças para 2020. A tática é estar algumas jogadas à frente dos adversários. Mesmo que o xeque-mate não venha a acontecer e que o rei esteja ligeiramente ameaçado.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (8) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.