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Bolsonaro, Rui e os desafios de lidar com parlamentares da planície

Por Fernando Duarte

Bolsonaro, Rui e os desafios de lidar com parlamentares da planície
Foto: Reprodução/ Rural Pecuária

Que angústias Jair Bolsonaro e Rui Costa "dividem" atualmente? As disputas dentro dos respectivos legislativos por cargos da planície. Enquanto o governador da Bahia enfrenta certa resistência dos aliados, que criam pequenas tensões na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) em busca de espaços, o presidente segue com a política de não negociar abertamente cargos e não consegue formar uma base no Congresso Nacional.

 

Espertamente, nenhum partido espera ser “arranjado” dentro dos escalões mais altos dos governos. O grosso dos cargos de destaque já foi ocupado e as negociações acabaram há algum tempo – apesar de tanto Rui quanto Bolsonaro terem segurado um pouco as nomeações dos indicados políticos. Agora com os ministérios e as secretarias devidamente ocupados, o varejo da planície é o que importa realmente para deputados estaduais, federais e senadores. Por isso, o barulho antes de que votações importantes sejam tocadas.

 

O presidente é o maior refém nesse processo. Como a articulação política dele ainda bate cabeças, é possível que o governo ainda amargue pequenas derrotas até que o apetite dos parlamentares seja saciado. Faz parte do processo de construção de uma base aliada a liberação de indicações para cargos, principalmente nas esferas mais baixas, por onde os olhares da imprensa e da opinião pública não circulam. Ao deixar passar a retórica “antipolítica” – ou anti “toma lá, dá cá” -, Bolsonaro deve conseguir dourar a pílula para que os congressistas aceitem votar a favor do governo.

 

O chefe do Palácio do Planalto ainda enfrenta uma oposição relativamente organizada e com capacidade de provocar barulho maior do que o criado pelos adversários de Rui na Bahia. O governador baiano, inclusive, enfrenta uma resistência que não deve provocar nenhum tipo de ruptura. No máximo, um discurso ou fala mais ácida na Assembleia. Apesar do “jeitão” a la Bolsonaro, Rui tem a seu favor uma votação expressiva, uma base consolidada ao longo do último governo e uma oposição extremamente fragilizada e com pouca capacidade de se organizar com efetividade no Legislativo.

 

Uma situação intrigante nesse processo envolvendo Bolsonaro é que ele ganhou notoriedade por ser exatamente um parlamentar de penumbra, que nunca esteve alinhado com um bloco político poderoso. Como membro desse segmento, deveria estar acostumado com a lógica das negociações dos escalões mais baixos – já que ninguém me faz acreditar que em 28 anos na Câmara dos Deputados ele nunca tenha feito uma indicação política sequer.

 

Para a sorte dos dois gestores, os deputados de planície, como o próprio nome sugere, não precisam de muito para se sentirem satisfeitos. Basta um afago com carguinhos e a fome será saciada sem necessidade de grandes concessões. Afinal, eles estão um pouco distantes do topo da cadeia alimentar da política. Os dois só devem ter cuidado para não abusarem dessa sorte. Se sozinhos os deputados não costumam dar muita dor de cabeça, juntos podem causar estragos consideráveis.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (18) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.