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Cursos de tiro em SSA registram alta e lista de espera após flexibilização da posse de armas

Por Jade Coelho

Cursos de tiro em SSA registram alta e lista de espera após flexibilização da posse de armas
Foto: Reprodução / Associação Desportiva Atiro

Pouco mais de 20 dias após a assinatura do decreto que facilita a posse de armas no Brasil (lembre aqui), clubes, associações e academias de tiro localizadas em Salvador registraram um aumento na procura por cursos que capacitam cidadãos para utilização de armas de fogo. O texto assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, dá direito à posse e autoriza que os brasileiros mantenham uma arma de fogo em casa ou no local de trabalho.

 

Instalada na capital baiana há mais de 25 anos, a academia de tiro NATT registrou mais que o dobro da procura por cursos de tiro no nível básico, segundo o proprietário e instrutor Francisco Santos. “Eu tinha uma média de uma turma, composta por 10 alunos, duas vezes por mês, a cada 15 dias. Agora tenho uma nova turma duas vezes por semana”, revelou. Ainda segundo o empresário, os homens são os maiores interessados na capacitação, e entre eles a maioria é composta por comerciantes.

 

Os cursos de nível básico, indicados para iniciantes, têm sido os mais procurados. Eles custam em média R$ 600 e tem duração de seis horas, ministradas em um único dia. O curso se divide entre aulas teóricas, sobre normas de segurança, legislação, fundamentos do tiro e mecanismos de funcionamento de pistolas e revólveres, e as aulas práticas, em que o aluno vai ao estande e tem direito a um número determinado de disparos.

 

Para ministrar cursos de tiro, os estabelecimentos precisam de autorização do Exército Brasileiro, além de atender a determinados critérios, uma vez que se trata de uma atividade específica e que envolve o manuseio de armamentos, um dos produtos controlados pelo Exército. Segundo o Comando da 6ª Região Militar, oito locais em Salvador e na Região Metropolitana (RMS) possuem essa autorização. Em todo estado esse número chega a 15 espaços.

 

Na avaliação do secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Maurício Barbosa, apenas o curso não é suficiente para preparar civis para o uso de armamento. “Não tem instrumento mais traiçoeiro do que a arma. Ele precisa nada mais nada menos do que um hábito para ser usado”, defendeu o titular da SSP-BA, ao sinalizar o que considera três pontos essenciais para o uso correto de armas de fogo. “Treinamento, habitualidade e coragem. Se a pessoa não possui nenhuma dessas três capacidades, com certeza ela vai ser morta com sua própria arma”, completou Barbosa.

 

Apesar de confirmar o aumento da procura pelo clube e os cursos de tiro, o presidente da Associação Desportiva Atiro, Jodson Gomes, não atribui o fato a liberação da posse de armas. Para ele, o que tem despertado o interesse das pessoas é a difusão da modalidade olímpica de Tiro Esportivo, desde que o Brasil ganhou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016 (lembre aqui).

Foto: Reprodução / Associação Desportiva Atiro

 

Ex-militar e dono da Instrutores Associados, Eugênio Tadeu considera os cursos de tiro muito importantes para aqueles que desejam possuir uma arma. “É importante que a pessoa conheça o equipamento e saiba manusear corretamente”, defendeu. Sobre o aumento na procura, o instrutor de tiro associou à consciência e responsabilidade das pessoas interessadas na posse de armas, e disse que vem aumentando desde as eleições de outubro de 2018. “Eu acredito que as pessoas estão se dando conta da importância de que para adquirir uma arma elas têm que aprender e conhecer seu equipamento”, opinou.

 

O Clube Baiano de Tiro (CBT) registrou um crescimento de 35% na procura pelas aulas. O presidente da entidade, Ângelo Matos, defendeu o treinamento e a habitualidade com o armamento como pontos essenciais para a segurança das pessoas e da sociedade. “Além dos cursos, o treinamento é imprescindível. Sempre digo aos meus alunos que arma não resolve situação, o que resolve é treinamento. Por isso o incentivamos”, explicou.

 

Matos considera seis horas de curso insuficiente, por este motivo o treinamento do CBT dura 12 horas e é dividido em dois dias, um com aulas teóricas, e outro com aulas práticas. Ele chamou a atenção para outro ponto, o número de mulheres interessadas no treinamento também registrou um aumento considerável. Segundo o presidente do CBT, o público feminino representava apenas 1% das pessoas interessadas e agora corresponde a 10%, e a expectativa da entidade é que esse número aumente com o decorrer do tempo.