Médicos acusam gestão por precariedades no Hupes; diretor alega richa eleitoral
por Ailma Teixeira

Médicos do Hospital Universitário Profº Edgard Santos (Hupes), o Hospital das Clínicas, têm denunciado as condições de atendimento da unidade de saúde. O espaço, localizado no bairro do Canela, está com obras atrasadas, materiais e equipamentos, a exemplo da máquina de ressonância magnética, empacotados, sem uso e espalhados pelos corredores do hospital e setores, como a Unidade de Diálise, fechados "para uma reforma que nunca acaba".
"O Centro Cirúrgico é o pior retrato deste cenário. Funciona hoje apenas com quatro salas, com problemas diários no ar condicionado e esgoto que vez por outra, interrompem as poucas cirurgias feitas lá. Se reformado estivesse, seriam 10 salas funcionando", declarou uma médica, que prefere não se identificar, ao Bahia Notícias.
Em novembro, o hospital chegou a suspender a realização de cirurgias por pelo menos seis dias em decorrência de problemas no funcionamento do ar-condicionado (veja aqui).
Foto: Leitor BN / WhatsApp
De acordo com ela e outros profissionais de saúde que trabalham no local, o problema é fruto de má gestão.
Em 2013, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), que detém o Hupes, celebrou um contrato de gestão com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que atua na administração de hospitais universitários federais. O objetivo desse contrato era permitir a contratação de pessoal, melhorando o custeio do hospital e também aportando recursos para melhorar a infraestrutura da unidade.
"No entanto, o que se verificou na prática foi um desvirtuamento do propósito inicial — a empresa fez concurso público e aportou centenas de profissionais no Hupes. Muitos destes, têm dupla vinculação, Ufba e Ebserh. Há ainda cerca de 92 cargos de livre nomeação", acusa a servidora, acrescentando que "isto tudo se deu sem as melhorias necessárias em infraestrutura".
Em meio a tudo isso, o mandato do diretor Antonio Carlos Lemos teria chegado ao fim no dia 18 de novembro. Uma nova eleição foi feita e Lemos foi mais uma vez eleito para o cargo. No entanto, o resultado foi suspenso em decisão liminar da Justiça, assinada no último dia 14.
“De acordo com as informações da inicial, ocorreram diversas máculas no procedimento como a inexistência da publicação da lista de votantes organizada pela impetrada, óbices para que a impetrante registrasse suas impugnações, parcialidade nas apurações e ausência de lacres nas urnas, além de dificuldade de acesso aos autos do processo administrativo para apresentação de recursos. Informa que a posse da diretoria está marcada para o dia 21.12 e a não apreciação do pleito liminar poderá acarretar no perecimento do direito”, justificou o juiz Ávio Mozar José Ferraz de Novaes, da 12ª Vara Federal Cível da Bahia.
Outro médico, que também preferiu não se identificar, disse que o processo eleitoral foi permeado por irregularidades e “grande manipulação por parte dos candidatos”. Já Lemos, que dirigiu a instituição por dois mandatos no passado, atribuiu os problemas no hospital a gestões anteriores à sua. Ele preferiu não comentar as críticas feitas, mas disse que as queixas são proferidas pela oposição que não aceita o resultado do pleito eleitoral.
Foto: Leitor BN / WhatsApp
Diante desse quadro, caberá ao reitor da Ufba, João Carlos Salles, a indicação de um nome à Ebserh para que a empresa nomeie um diretor ou diretora para gerir o hospital. O processo natural previa que a comunidade indicasse esse nome ao reitor, por meio da eleição, e ele repassaria a escolha à empresa gerenciadora.
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