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Petrobras estuda arrendar Fafen-BA; indústria pede tempo maior para adaptação

Por Lucas Arraz / Jade Coelho

Petrobras estuda arrendar Fafen-BA; indústria pede tempo maior para adaptação
Foto: Divulgação

A Petrobras estuda uma alternativa para não fechar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen): lançar, até janeiro, um edital de arrendamento das fábricas da Bahia e de Sergipe, o que poderia evitar o fechamento definitivo das unidades. De acordo com a Valor Econômico, fontes indicaram que a possibilidade foi levantada há poucos dias e que ainda não há definição sobre a questão. Por isso, não haveria sequer a ventilação de interessados. Porém, mesmo embrionária, a decisão ainda não dá segurança à indústria baiana.

 

A desativação das fábricas foi anunciada em março deste ano e compõe o processo de saída integral da Petrobras na produção de fertilizantes (leia mais aqui). O encerramento das atividades estava previsto inicialmente para 31 de outubro, mas na semana passada a empresa divulgou que o prazo seria prorrogado para o dia 31 de janeiro de 2019 (lembre aqui). A intenção da estatal é focar os investimentos em ativos que tenham menor risco e tragam mais retorno para a companhia. Em 2017, a unidade baiana registrou um prejuízo de cerca de R$ 200 milhões.

 

A estatal tem mantido o diálogo com governos estaduais e federações de indústrias (veja aqui), além de atuar em conjunto com os atuais clientes para garantir o acesso aos insumos a partir de outras regiões do país e do exterior, caso a única opção seja fechar as fábricas - o encerramento das atividades da Fafen-BA poderia trazer problemas até mesmo para pacientes em tratamento por problemas renais (entenda aqui). Porém, a indústria considera o prazo curto demais para se adaptar a uma realidade sem as fábricas.

 

Em nota à Valor, a Petrobras informou que “está envidando todos os esforços na busca por uma solução para as fábricas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe, junto com o grupo de trabalho integrado pelos governos e federações da indústria dos dois estados” e que “há iniciativas de ordem tributária e logística em estudo, dentre outras". "Como a companhia já anunciou, verifica-se também a possibilidade de arrendamento”, confirma.

 

Ex-funcionário da Fafen-BA e deputado estadual, Rosemberg Pinto acredita que as fábricas de fertilizantes exercem um papel significativo para o setor e defende que as justificativas da Petrobras para o fechamento das unidades são pouco convincentes e ditas como um “discurso de enganação”.

 

Ao Bahia Notícias, Rosemberg rebateu o argumento de minimizar prejuízos ao afirmar que  “o valor global não justifica a privatização da unidade de fertilizantes”. O parlamentar explicou que a Petrobras utiliza um mecanismo para mensurar a rentabilidade das unidades que a compõem, mas defendeu que o resultado global da empresa é que deve ser levado em conta. Rosemberg disse que embora a Fafen dê prejuízo, em uma perspectiva geral a estatal obteve lucro. “No resultado global dela [Petrobras], deu R$ 6,6 bilhões de lucro. Essa história de prejuízo, em relação à Fafen, não condiz”, afirmou ao argumentar que não se deve dividir os prejuízos ou lucros de uma empresa por setor, e sim levar em conta o montante total.

 

Na oportunidade, o deputado estadual exaltou o papel exercido pela indústria. “As duas fábricas [da Bahia e de Sergipe] cumprem um papel muito importante do ponto de vista de dar equilíbrio de preço à área de fertilizantes, principalmente a da Bahia, que produz matéria prima para outras empresas do polo petroquímico de Camaçari”, alertou.

 

“Cerca de 70% dos fertilizantes é importado, a gente só produz 30%. O discurso é de enganação. A Fafen não é uma empresa, a empresa se chama Petrobras”, garantiu Rosemberg, que reforça que a unidade de Camaçari é parte de um conglomerado da estatal.

 

COFIC PEDE SENSIBILIDADE POR PARTE DA ESTATAL

O Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) pede que a Petrobras tenha sensibilidade na tomada de decisões a respeito do futuro da Fafen. De acordo com o superintendente da entidade, Mauro Pereira, o grupo pretende concordar com a decisão final da estatal, mas defende um trabalho conjunto a fim de evitar problemas no fornecimento de suprimento de matéria prima para as empresas associadas. Em virtude disso, o Cofic solicitou um prazo entre 18 e 24 meses à Petrobras, para permitir que essas empresas possam se adaptar à nova logística.

 

Conforme o comitê, diálogos com a Petrobras estão sendo realizados a fim de chamar a atenção para a situação e as consequências das deliberações acerca da fábrica, principalmente com um tempo de adequação tão curto - o ideal, para a entidade, seria que o processo durasse ao menos mais um ano. Ainda assim, o Cofic não pretende interferir na decisão da empresa e defende que a “boa relação deve ser preservada”.