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Bolsonaro, Isidório, cobaias de laboratório e um experimento social que não deu certo

Por Fernando Duarte

Bolsonaro, Isidório, cobaias de laboratório e um experimento social que não deu certo
Foto: Montagem/ Bahia Notícias

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi o mais votado na corrida presidencial no primeiro turno das eleições 2018. No mesmo dia, o deputado estadual Pastor Sargento Isidório (Avante) foi escolhido por mais de 323 mil baianos para uma vaga na Câmara em Brasília. Ambos têm muito em comum. Mas talvez a principal matriz seja: os dois demonstram o estágio inacabado de nossa sociedade. 

 

A raiz da intolerância pregada pelas duas figuras encontrou terreno fértil em um ambiente regado por ódio e por valores pouco respeitosos. Foi assim que Bolsonaro se construiu como um fenômeno popular, ao pregar "um canto da sereia" ideal para aqueles insatisfeitos com um país claudicante e repleto de necessidades escondidas. Mesmo que isso significasse ofender minorias, criar instabilidades contra grupos em vulnerabilidade social ou, simplesmente, fizesse libertar monstros escondidos pela obrigação de um convívio em sociedade.

 

Acontece que, em meio a tanto caos, o presidenciável e Isidório se encontraram em lados opostos da disputa política. Enquanto o exército de Brancaleone se esforçou em disseminar informações falsas, o novo deputado federal baiano se tornou vítima dessas fake news. Seria lindo se Isidório apenas admitisse ter sido enganado pelo engodo discursivo contra Fernando Haddad (PT). Não, ele não fez apenas isso. O deputado federal mais votado da Bahia em 2018 preferiu recorrer a um instituto odioso e deplorável, que o coloca no mesmo patamar daquele que, por pouco, não defendeu. 

 

Isidório é homofóbico. Tanto quanto Bolsonaro, que afirmou certa feita escolher ter um filho morto a um herdeiro gay. E, diante do cenário constrangedor que se desenha na política brasileira a partir de 2018, ambos serão aplaudidos, pois, para boa parte da sociedade, não há crime em destilar ódio contra minorias como os LGBTQ+s.

 

O silêncio dos demais atores políticos automaticamente os transforma em cúmplices desse discurso de ódio. Nesse ponto, enquanto o grupo político de ACM Neto marcha ao lado de Bolsonaro no segundo turno, o lado de Rui Costa já apoia Isidório há mais tempo. Ainda que neguem, ao compartilharem valores com o presidenciável e o deputado federal, os dois líderes maiores da política na Bahia atualmente acabam por endossar a conduta recriminável de ambos. 

 

Não que Bolsonaro e Isidório não tenham virtudes. Tanto as têm, que existem politicamente e tendem a se perpetuar, vide o número de herdeiros que já estão seguindo carreira. Porém alguns defeitos se sobressaltam e os transformam em homens que mereceriam abjeção, caso vivêssemos em uma sociedade menos excludente, menos injusta e menos pútrida.

 

Somos todos responsáveis por popularizar ideias tão desprezíveis. Precisamos reconhecer o quanto é problemático agredir aquele que é diferente de nós, simplesmente por serem ou por pensarem diferente de nós. 

 

Bolsonaro pode ser eleito para o Palácio do Planalto no próximo domingo. Isidório está com a vaga de deputado federal garantida. Ambos são uma prova cabal que os brasileiros são cobaias de laboratório de um experimento social que não deu certo.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (22) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM