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Mobilização contra Bolsonaro precisa se mostrar maior que guerrilha virtual

Por Fernando Duarte

Mobilização contra Bolsonaro precisa se mostrar maior que guerrilha virtual
Foto: Montagem/ Bahia Notícias

Estão previstas para este sábado (29) manifestações em todo país com base na campanha #EleNão, que tenta criar um movimento contrário à eleição do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) para ocupar o Palácio do Planalto. Às vésperas da eleição, todavia, a mobilização precisa se mostrar maior do que a guerrilha virtual para que se torne efetiva, sob o risco de cair no descrédito e acabar sugada pela espiral do silêncio em torno da ascensão do capitão no cenário político.

 

Os eleitores de Bolsonaro são resistentes. É inegável. Há algum tempo o candidato do PSL é um alvo prioritário das críticas dos adversários. A vitrine que o deputado federal se transformou justifica, inclusive, as matérias da imprensa que apresentam problemas sobre o passado dele. E, por mais que insistam em dizer que se trata de “perseguição”, a agenda setting é um dos cânones do jornalismo. Bolsonaro vende jornais e gera cliques, é inegável. Além de estar no olho do furacão que se tornaram as eleições de 2018 no Brasil.

 

O processo de desconstrução dele até o momento se mostrou pouco efetivo. Os índices daqueles que apoiam a candidatura dele e não pretendem mudar de opinião até o primeiro turno é um dos mais altos entre os postulantes ao Planalto. Pelos relatos que se tem notícia, parte deles usa a desculpa da “indignação contra o sistema” ou “único capaz de mudar alguma coisa”. Algo próprio do imagético elaborado e colocado em prática pelo candidato nos últimos anos. Artificial, como também sabemos.

 

Por isso que as mobilizações do #EleNão são extremamente desafiadoras para o que se propõem. Se, ao longo de todo o longo processo eleitoral brasileiro, antecipado desde 2014, os eventuais absurdos proferidos por Bolsonaro ou as ações pouco afeitas à democracia executadas pelo grupo político a ele ligado não surtiram efeito para arranhar a imagem do deputado frente ao eleitorado, o que poderá atingir cabalmente, ao ponto de ameaçá-lo nas urnas? Não uma faca, como acabou provado na prática.

 

É claro que a movimentação é extremamente válida e legítima. O brasileiro reconhece que o povo que aqui mora tem um baixo senso de comunidade e que prefere se fechar no próprio mundo a participar da vida social. O desmerecimento do #EleNão é uma prática que deve ser condenada, apesar de sabermos que, ao longo do dia, aparecerão milhares de ironias sobre a mobilização. O silêncio, entretanto, é ainda pior.

 

Vencidos todos os preconceitos e todas as resistências, o Brasil pode assistir a uma bela visão do que a democracia nos permite fazer: ter direito a declarar nossa posição partidária livremente. Porém há um pedido bem simples, mas explícito, a ser feito. Respeitar aquele que pensa diferente daquilo que você acredita. Para que não estejamos incorrendo no mesmo erro que criticamos.