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Lula e PT precisam virar a página sob risco da barbárie imperar no Brasil

Por Fernando Duarte

Lula e PT precisam virar a página sob risco da barbárie imperar no Brasil
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que indeferiu o pedido de registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na madrugada da última sexta-feira (31), deveria ser um marco para o início da campanha eleitoral real. Até o momento, não foi o que se viu. Mesmo formalmente fora da disputa, Lula ainda é objeto das campanhas de aliados e o PT não pareceu arrefecer sobre o tema: quer ter o ex-presidente nas urnas no próximo mês de outubro.

 

O tema não é uma unanimidade e o ministro Edson Fachin, único a votar a favor do deferimento do registro da candidatura, evidenciou isso. Porém é preciso virar a página de Lula na corrida eleitoral de 2018. Por mais que haja discordância sobre o TSE ter feito justiça ou injustiça, sabe-se que não há tempo hábil para fazer uma manobra legal que torne o ex-presidente candidato. E, quanto antes o PT admitir isso, melhor para a construção da democracia brasileira.

 

O candidato a vice, Fernando Haddad, até tem vestido publicamente a roupa de presidenciável. Todavia segue à sombra de Lula e, por mais que haja a transferência de voto, é melhor saber quem é o candidato real do que cometer um virtual “estelionato eleitoral”, como tem pregado a oposição. Se Lula não pode estar nas urnas, é preciso seguir a vida. Insistir para que o ex-presidente esteja na cédula é instigar a população a votar numa eleição fictícia, cujo vencedor, definitivamente, não será o povo brasileiro.

 

Lula tem seu nome na história. Mesmo os inimigos – já que a lógica petista não trata mais adversários como adversários – reconhecem que o ex-presidente é uma figura fundamental na história recente do país. Só que o Brasil não pode ter uma eleição sob risco em função de uma eventual injustiça contra o petista. Ao manter a tese de que apenas Lula poderia mudar o país só amplia o clima de tensão criado pelo anti-petismo, que tem na figura do ex-presidente um demônio personificado.

 

Tal postura tem que ser não apenas do PT. A esquerda precisa chegar ao entendimento de que não é viável aguardar indefinidamente por um milagre da ONU ou dos céus para fazer com que o herói Lula seja salvo das garras de uma conspiração internacional para não deixar o ex-presidente voltar ao poder. O Brasil não é um conto de fadas e estamos longe de ser o foco de uma obra de ficção em torno da luta contra o comunismo.

 

Caso a página de Lula não seja virada o quanto antes, as sombras do conservadorismo, que já espreitam o país, podem se tornar uma dura realidade a partir de outubro. E não adianta dizer que foi “a direita e o golpe de 2016” que colocaram os brasileiros à beira de um precipício. Para chegarmos aonde chegamos, o ex-presidente também foi responsável, ao costurar acordos por baixo do tapete com figuras nefastas como o próprio Michel Temer e até mesmo Eduardo Cunha, que foram algozes de Dilma Rousseff há dois anos.

 

Se as regras do jogo agora exigem que Lula esteja fora a disputa, então tenhamos Lula fora da disputa. Por mais que as pessoas discordem dessas regras, elas existem e servem para deixar o Brasil minimamente civilizado. Sob o risco do país voltar à barbárie e à selvageria em torno de um arcabouço de “cidadão de bem em defesa da família, da moral e dos bons costumes” no Palácio do Planalto.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (3) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.