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Democracia em excesso faz mal? Cabo Daciolo e os debates exemplificam isso

Por Fernando Duarte

Democracia em excesso faz mal? Cabo Daciolo e os debates exemplificam isso
Foto: Kelly Fuzaro/ Band

Democracia em excesso faz mal. Ouço essa frase há muito tempo e, em diversos momentos, discordava completamente da afirmação. A ideia romântica da democracia ateniense ainda perfumava a mente relativamente jovem. A atual eleição para a presidência da República, todavia, mostra que há um pouco de maturidade nessa afirmação. Afinal, tudo em demasia mais prejudica do que ajuda.

 

O debate realizado na última quinta-feira (9) na Band é um exemplo disso. Oito candidatos ao Palácio do Planalto participaram do referido programa e, pelos relatos, sinalizaram que não há viabilidade em discutir racionalmente o que quer que seja com pessoas que não estão interessadas em discutir espectros e posicionamentos políticos distintos. E que sequer tornaram o encontro algo produtivo do ponto de vista de interesse público.

 

Não que debates não sejam necessários. Eles são imprescindíveis para a construção de uma democracia plena e madura. Entretanto a rigidez da legislação eleitoral obriga o convite a candidatos cujos partidos ou coligações possuam mais do que cinco deputados federais, o que provoca a participação de figuras como Cabo Daciolo (Patriota). O deputado federal eleito pelo PSOL conseguiu ser o mais buscado na internet depois do programa da Band. Por ser um ilustre desconhecido e por falar barbaridades em público.

 

Daciolo, inclusive, foi quem provocou uma das pérolas do debate, quando Ciro Gomes (PDT) ironizou o custo que a democracia tem. Sim, ter a presença de uma figura como o candidato do Patriota no debate é um custo alto demais para o eleitor, que é obrigado a perder tempo com alguém que quer apenas polemizar. Por isso democracia em excesso preocupa mais do que contribui para a construção de um país como o Brasil: impede que haja um enfrentamento apenas entre candidatos realmente viáveis – ou seja, que teriam mínimas condições de governar um país.

 

Se no plano federal são 13 candidatos à Presidência da República, a Bahia vive uma situação mais cômoda na quantidade de postulantes ao governo do estado. São apenas seis e ainda assim dificilmente haverá um debate efetivo o suficiente para produzir um efeito benéfico para o processo eleitoral. A pluralidade é necessária. Mas alguém acha que num universo com tantas mentes pensantes, haverá algo diferente de um palco?

 

A ideia original de debate era a existência de confronto entre os nomes que buscam chegar a um posto eletivo. No entanto, o engessamento feito pela legislação eleitoral atrapalha que haja uma discussão real sobre os problemas de um município, de um estado ou de um país.

 

Para fazer a exposição pela exposição das ideias, os candidatos têm o horário eleitoral. Quando um eleitor reserva uma parte do seu tempo para assistir a um debate, ele espera assistir ao menos a um embate entre adversários que têm reais chances de chegar ao poder por meio do voto.

 

Até agora não há uma fórmula que permita a um eleitor indeciso chegar a uma conclusão sobre quem votar apenas assistindo ao teatro que se transformou a realização de um debate eleitoral. Não por conta das emissoras. Até o segundo turno, muitos outros debates devem ser realizados por emissoras de rádio e televisão. A torcida é que, em ao menos um deles, consigamos chegar a uma conclusão de quem é melhor para os estados e para o país.

 

Corremos o risco de apertarmos nas urnas apenas os números daqueles que consideremos “menos pior”. Democracia em excesso pode até atrapalhar. Mas queria eu que conseguíssemos chegar ao menos perto daquela ideia romântica que nasceu em Atenas.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (13) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.