Marcell Moraes quer proibir foie gras na Bahia e entra na mira de chefs de cozinha
Por Alexandre Galvão
Foto: Betto Jr./ Ag. Haack/ Bahia Notícias
Sem medo de polêmicas, o deputado estadual Marcell Moraes (PV) quer proibir a venda de foie gras na Bahia. Com o projeto de lei, Moraes entra na mira dos facões de chefs de renomados restaurantes do estado e, claro, de Salvador. Em entrevista ao Bahia Notícias, nesta quinta-feira (6), o parlamentar admitiu ter “pegado a ponga” na lei de São Paulo – que proibiu a venda da iguaria na capital do estado. “O meu mandato é voltado à defesa dos animais e eu tenho que lutar contra essa escravidão. Temos que tirar essa prática abusiva”, decretou. Moraes disse também que nunca comeu o prato, mas que sabe do “método de tortura” que os criadouros usam para engordar o pato até que o seu fígado seja extraído para o consumo. “Isso não é cultura, isso é tortura. Não devemos aceitar que essa barbaridade continue”, argumentou. À frente da cozinha do Amado, o chef Fabrício Lemos discorda do parlamentar. Em conversa com o BN, ele enumerou outras práticas que podem ser consideradas abusivas aos animais, mas não são combatidas.
Fabrício Lemos, Rui Carneiro e Erick Jacquin | Fotos: Divulgação
Foie gras | Foto: Reprodução/ Huffingtonpost
Chef do restaurante Chez Bernard, Rui Carneiro viu um “lado positivo e negativo” na proposta. “Existem os dois lados da moeda. O método de criação do pato é muito cruel, mas o produto é muito bom. Se tiver de proibir eu vou sentir por não poder trabalhar mais com ele, mas vai ser bom também”, avaliou. Além dos baianos, outros chefs do Brasil também já se posicionaram contra a medida, a exemplo de Erick Jacquin – jurado do reality show Master Chef. "Eu acho que a proibição é absurda. O prefeito [Fernando Hadad] tem muitas outras coisas para fazer do que cuidar dos patos”, afirmou, ao jornal O Globo, quando o prato foi proibido na cidade de São Paulo. O quilo do foie gras custa, hoje, R$ 450 e é vendido em Salvador como entrada. O preço varia de R$ 75 a R$ 90. O projeto de Marcell ainda irá passar pelas comissões temáticas da Assembleia Legislativa da Bahia. Caso seja aprovado, passará pelo crivo do plenário e depois irá para a apreciação do governador Rui Costa.