Vídeos e imagens ‘da zueira’ viralizam no Whatsapp e desafiam equipes de campanha
Por Rebeca Menezes
Vídeos que ironizam os candidatos, paródias de propagandas de TV, mixagens com memes de internet... Materiais que antes tornavam Facebook e Twitter as redes sociais mais utilizadas para a viralização de informações – de forma espontânea ou não – perdem, hoje, espaço para uma mídia relativamente nova e que cresceu vertiginosamente nos últimos meses: o Whatsapp. Mas, por ser recente, as equipes de campanha ainda buscam aprender como ela pode ser utilizada e até que ponto pode ser positiva (ou negativa) para a imagem dos candidatos. “Ao contrário do Twitter e do Facebook, por exemplo, o Whatsapp não foi desenhado para que informações circulem por diversas redes e, em sua maioria, se tornam públicas e passíveis de serem monitoradas e mensuradas em sua dinâmica de apropriação e proliferação”, explicou ao Bahia Notícias o especialista em mídias sociais, Camilo Aggio. Por isso, a equipe do candidato ao governo do Estado, Rui Costa (PT), criou uma equipe especialmente voltada para as mídias sociais. “[O Whatsapp] não é um outdoor, em que a gente posta conteúdo para ter alcance. Antes de mais nada, é interação. É uma forma de ter mais engajamento, aprender quais são as necessidades e a pauta política local”, afirmou Eden Valadares, responsável pela equipe na campanha petista. Sobre os vídeos denominados “PT é Barril”, que circulam pelo app, Eden afirmou que há “preocupação” com esse tipo de estratégia, mas que não reconhece sua eficácia. “A ‘guerra nas redes’ alcançou um nível preocupante, tanto da militância tucana quanto da petista. Mas achamos que o eleitor não quer baixar o nível da eleição e nem aceitamos que isso seja o ponto central da nossa elaboração”, frisou Valadares.
Segundo o coordenador de marketing político da campanha de Paulo Souto (DEM), Pascoal Gomes, boa parte do material que circula na rede é produzido espontaneamente pela militância, mas mesmo assim os conteúdos têm sido monitorados. “Estamos dando atenção especial ao Whatsapp por causa do seu poder de viralização. Se for uma coisa negativa que aconteceu e foi noticiada, pode a arranhar a imagem sim. Mas, por enquanto, percebemos que esse tipo de publicação anima muito mais a militância na rede”, avaliou. O cientista político Jorge Almeida acredita que a ferramenta é apenas mais um canal a ser trabalhado pelos grupos políticos. “A diferença é a agilidade. Mas não tem, ainda, o alcance que está tendo o Facebook”, compara. Mesmo assim, ele admite que o aplicativo tem potencial para crescer. “Evidentemente, está se desenvolvendo e, daqui a pouco, exigirá a profissionalização de pessoas para ficar mandando conteúdo. Afinal, as campanhas de rede não são tão espontâneas como às vezes se imagina. São esquemas profissionais, caros”, dispara. Mas para Camilo Aggio, a ferramenta representa um desafio muito maior e pode gerar resultados piores do que se imagina. “O Whatsapp é um grande desafio para qualquer campanha e, talvez , o maior pesadelo da área de comunicação porque não se sabe a extensão da disseminação de um vídeo, de um meme... E, o pior, não há formas de acessar esses grupos e responder a aqueles conteúdos diretamente às pessoas como seria possível de ser feito no Twitter ou no Facebook”, avalia.