Secretário critica Neto, clama por adiamento de licitação de ônibus e aponta 'equívocos técnicos'
Por Evilásio Júnior
Foto: Elói Corrêa/ GOV BA
O secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Manuel Ribeiro, afirmou que o objetivo do ofício enviado pelo Estado ao Município para suspender a licitação do transporte coletivo de Salvador é uma solicitação para que se "examine a necessidade de adiar o processo por conta de equívocos técnicos". Em entrevista ao Bahia Notícias, ele reclamou do imbróglio diplomático gerado pela troca de farpas via imprensa. "A primeira coisa que eu gostaria de colocar é que isso foi um ofício do governador para o prefeito, que muito pouca gente do Estado sabia e, de repente, o governador recebeu a resposta de forma não muito delicada. A resposta deveria ser pessoal", condenou. De acordo com o titular da Sedur, três aspectos motivaram o pedido: a contestação do prefeito ACM Neto (DEM) à Lei que criou a Entidade Metropolitana, a "dificuldade de diálogo" com a prefeitura e "problemas" no edital que abriu a concorrência pública. Segundo Ribeiro, a primeira questão diz respeito à opção de se utilizar outorga onerosa, para arrecadar R$ 180 milhões aos cofres municipais. "Está na contramão da Lei Federal de Mobilidade e contra o princípio geral de modicidade tarifária. Por que não fazer por menor preço, que você estabelece um sistema equilibrado? Essa opção não só tira dinheiro do passageiro do ônibus, como também vai acabar prejudicando a própria prefeitura, porque ela está dizendo que o sistema de transporte dela é superavitário. Por exemplo, ela está pleiteando agora com o governo federal o BRT. Como pleitear recursos se o seu sistema é superavitário? Acho não só socialmente ruim, como também vai dificultar em nível de investimento na cidade", assinalou.
Foto: Betto Jr./ Ag. Haack/ Bahia Notícias
Ele contesta ainda que a resolução do problema de circulação na cidade não se dará só com coletivos sobre rodas. "Principalmente se der prioridade ao transporte individual, visto que ainda não é cobrado estacionamento em shoppings e muita gente usa carro", considerou, ao fazer um apelo: "A gente tem que ver que os contratos de concessão são muito longos: o metrô são 30 anos e o ônibus, 25. Talvez esta seja a última oportunidade que a gente tenha de fazer algo planejado. A última licitação de ônibus, segundo a própria prefeitura diz, foi há 40 anos. Não vão ser seis meses de adiamento para fazer de outro jeito, com uma visão metropolitana de futuro, que vão perturbar e criar mais problemas para o transporte coletivo", apelou. Para se chegar a uma equação ele requer que o prefeito atenda ao regimento da Entidade Metropolitana. "O prefeito diz que não obedece à lei porque é inconstitucional. Lei é para ser obedecida. Inclusive o IPTU dele muita gente contestou, mas foi lá, pagou, e foi à Justiça contestar. Ele, como prefeito, tem que respeitar e dar o exemplo. Agora, se ele acha que a lei é inconstitucional, ele vá aos tribunais. O Supremo está aí para ele fazer uma ação de inconstitucionalidade, mas até ele ter uma decisão favorável, tem de cumprir", sugeriu.
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias