Gabrielli diz que vai ao Senado explicar caso Pasadena, mas admite: ‘Medo todo mundo tem’
Por Carol Prado
Fotos: Alexandre Galvão/ Bahia Notícias | Divulgação
No centro de um conflito rodeado de acusações e incertezas – que pode refletir, e muito, nas urnas em outubro deste ano –, o ex-presidente da Petrobras e atual secretário de Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, atribuiu nesta segunda-feira (31) à imprensa e às “articulações eleitorais” a culpa pela repercussão negativa da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela estatal em 2006. Em almoço com deputados petistas em um restaurante de Salvador, ele voltou a defender o negócio, responsabilizado por um prejuízo estimado em US$ 1,2 bilhão, com o argumento de que a transação concordava com as circunstâncias econômicas da época de sua concretização. "O que mudou entre 2006 e 2011 foi o cenário mundial. Houve a crise financeira e a descoberta do pré-sal. O refino americano caiu e a situação se inverteu completamente. São coisas normais em um negócio como esse", afirmou, antes de acrescentar que a unidade norte-americana tem gerado “lucro significativo” nos últimos dois anos à petrolífera. Alvo da investigação requerida no Senado sobre o assunto, o dirigente da pasta baiana anunciou que, caso seja convocado, não resistirá em dar novas explicações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), embora já tenha se pronunciado sobre a compra de Pasadena na Casa, em agosto do ano passado. “Já falei durante três horas sobre esse caso com os senadores, mas posso ir de novo. Não tenho ressalvas quanto a isso”, assegurou. Em conversa com os legisladores presentes no almoço desta segunda, porém, o gestor admitiu: “Não tenho razão para temer. Sei que não cometi nada de ilegal ou equivocado. Mas eu sou um ser humano e, evidentemente, medo todo mundo tem”.
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Na ocasião, Gabrielli caracterizou ainda como “falsos” os valores veiculados pelos meios de comunicação em reportagens sobre a compra. Segundo ele, a belga Astra Oil não pagou, em 2005, como tem sido divulgado, somente US$ 42 milhões por Pasadena, valor muito menor do que o desembolsado pela estatal brasileira por 50% da refinaria no ano seguinte – US$ 360 milhões. “A Astra pagou US$ 42 milhões iniciais, mais US$ 84 milhões para fazer a unidade funcionar, e tinha outros US$ 200 milhões em dívidas. O preço real ficou em US$ 326 milhões. A Petrobras pagou mais caro por conta da valorização, aspecto absolutamente normal no dia a dia do refino”, explicou. Ainda de acordo com o ex-presidente da petrolífera, o prejuízo especulado não pode ser válido, pois não se refere apenas ao preço das aquisições de metade da estrutura no Texas e das ações remanescentes, seis anos mais tarde, após decisão da Justiça americana. “Não é verdade que a Petrobras pagou R$ 1,2 bilhão por Pasadena. A empresa pagou US$ 190 milhões pela primeira parte e US$ 296 milhões pela segunda parte. Depois disso, comprou 100 mil barris de capacidade de refino por dia, a US$ 4.860 cada. Em 2006, o preço médio de aquisição era de US$ 9,3 mil por barril. Portanto, a Petrobras comprou a refinaria de Pasadena, mesmo com a disputa judicial, por menos da metade do preço de mercado. O restante do dinheiro, cerca de US$ 400 milhões, representa estoque de matéria-prima. Se for considerar esse preço, tem que considerar a venda também, porque o petróleo foi processado e vendido. Tem que abater”, alegou. O negócio é investigado pelo Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal no Rio e a Polícia Federal. O pedido de criação da CPI da Petrobras no Senado já tem 28 assinaturas - uma a mais do que a quantidade mínima necessária para instalar a apuração. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), no entanto, ainda não oficializou a validade do requerimento em plenário.