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O ti-ti-ti e o trololó do PT da Bahia

Por Evilásio Júnior

O ti-ti-ti e o trololó do PT da Bahia
Fotos: Max Haack/ Ag. Haack/ Tiago Melo/ Sandro Freitas/ BN
O líder do PT na Assembleia Legislativa (AL-BA), Rosemberg Pinto, usou as redes sociais para tentar desmentir a reportagem do Bahia Notícias sobre a disputa interna no seu partido para a indicação do candidato a governador e, em contato com o site, ameaçou levar a questão para a tribuna da Casa. Ele alega não ser "midiático", diz que não procurou a reportagem e que o conteúdo da conversa, na qual ele sentenciou que o nome da base será petista, foi distorcido. Ora, em momento algum foi dito na matéria que ele contatou o BN para comentar o imbróglio, até porque o jornalista foi até o deputado em missão colocada pelo seu editor, que apura o caso. Também foi contestado pelo parlamentar o título da nota, devido à inserção "eleição é Lula x Wagner".

Aos fatos: a disputa no PT é, sim, Lula x Wagner. O ex-presidente da República tem como seu postulante favorito o secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, que voltou para a Bahia, após seis anos de comando na Petrobras, para tentar emplacar a candidatura ao governo. O próprio Gabrielli, em entrevista nesta terça-feira (8), na redação do BN – a íntegra do conteúdo será publicada na próxima segunda (14) –, admite ter a preferência não só de Luiz Inácio, como do chefe nacional Rui Falcão e do ex-ministro José Dirceu, embora isso não signifique que "só pode ser" ele. O titular da Seplan também é o predileto de Rosemberg, que foi gerente de Comunicações em sua gestão na regional Nordeste da petrolífera, fator determinante para a sua eleição à AL-BA.

O escolhido pelo governador é mesmo o seu chefe da Casa Civil, Rui Costa, fato indiscutível entre dezenas de centenas de integrantes da máquina e confirmado publicamente pelo deputado federal Zezéu Ribeiro.

O senador Walter Pinheiro, que é de uma tendência – Democracia Socialista (DS) – considerada "mais radical", aposta sobretudo no seu potencial de votos (mais de 3,6 milhões em 2010), mas é temido pelos próprios pares, pelo seu perfil combativo. Acreditam que ele pode "melar" alguns acordos e desagregar alianças. Tentam "empurrar" para Pinheiro, por sinal, um "prêmio de consolação". O seu nome já foi ventilado para os ministérios das Comunicações, Turismo e, agora, Ciência e Tecnologia. Ele diz que não aceita.

O azarão é Luiz Caetano que, ex-presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), tenta alavancar apoios municipalistas. A tese é de que "quem tem quatro não tem nenhum". Independentemente de quem vencerá a batalha, a bênção de Lula e Wagner será um dos pontos decisivos. Tanto que já foi encomendada uma pesquisa qualitativa, em comum acordo com a direção nacional, na qual serão elencados minuciosamente os fatores pró e contra de todos os concorrentes. Rosemberg decretou o que, em suma, todos já sabiam e Wagner já tinha admitido ao próprio BN: o candidato é do PT, o que é natural, devido aos dez anos de governo federal e sete de administração estadual, recorde de prefeitos eleitos e força das bancadas no Congresso e Assembleia – a maior na Bahia. Por mais que as legendas aliadas esperneiem (ver aqui e aqui), elas sabem que, no grupo de coalizão, não conseguirão fazer o cabeça de chapa. Não foi dito que o líder petista "excluiu" os aliados, apenas que eles se limitarão a fazer parte da discussão da escolha do nome do PT. Eis a decupagem do trecho do áudio não publicado da entrevista do deputado ao BN sobre a questão: "Não é que os partidos da base não vão indicar. Há um entendimento que vem sendo conduzido pelo governador que o nome deva ser do Partido dos Trabalhadores" (clique aqui e confira a íntegra). Dito, e não é surpresa.

Mensagem enviada na manhã desta segunda pelo presidente estadual do PT, Jonas Paulo, sob o título "Sem ti-ti-ti nem trololó", dá conta de que "existe um clima de apreensão" anterior à decisão do nome do partido que disputará a sucessão de Wagner, mas ressalta que "o que existe é um pacto de unidade e consenso no partido". Nem tanto. Devido ao medo de imposição de Rui pelo governador, o trio "excluído" – Gabrielli ancorado em Lula, Pinheiro no eleitorado e Caetano com prefeitos – ameaçou na reunião da comissão interna da última segunda que, caso o nome seja prescrito de cima para baixo, Rui Costa sairá com "meio partido". Ou seja, sem a força da militância das correntes e apoiadores dos demais. Daí saiu o discurso unificado da "decisão consensual" e da impossibilidade de bate-chapa. A eleição do candidato do PT ao governo realmente não se limita a Lula x Wagner: é Lula x Wagner x quem conseguir agregar mais o PT, que tem mais de 42 mil filiados aptos a eleger o seu próximo comandante em 10 de novembro.