Marinha impede reforma do Quilombo Rio dos Macacos, diz líder comunitária
Por Juliana Almirante
A líder comunitária do Quilombo Rio dos Macacos, Rosemeire dos Santos, denunciou, em entrevista ao Bahia Notícias, que a Marinha, em "mais um ato de cerceamento da liberdade dos moradores", impediu, nesta quarta-feira (3), a entrada de material de construção na comunidade para que os moradores pudessem realizar reformas em suas casas, atingidas pelas chuvas dos últimos dias. A comunidade enfrenta um impasse judicial com a Base Naval de Aratu, que reivindica a área habitada pelos quilombolas. “Tentamos entrar com material de construção e não deixaram. A qualquer momento vamos perder vida por causa disso”, criticou. Segundo Rosemeire, o constrangimento é constante, com o impedimento até da entrada de parentes que tentam visitar os remanescentes de escravos. Ela acredita que as retaliações sofridas pela sua avó, que, segundo a líder comunitária, teve uma arma apontada na cabeça pelos oficiais da Base Naval de Aratu, causaram a sua morte, no último dia 25. “Hoje (3) pela manhã, mais de 60 pessoas armadas passaram no fundo da casa dela. No enterro, eles estavam lá também armados. É um absurdo isso. Minha avó morreu na corrente, no tronco e na senzala”, comparou. A representante quilombola diz que os moradores que tentam trabalhar na plantação rural também costumam ser ameaçados com armas. Ela afirma que os oficiais trancam os portões nas saídas do quilombo e da vila naval. “Não existem direitos humanos no quilombo. A gente quer nossa liberdade”, pede. Em artigo enviado em janeiro deste ano, o comandante e vice-almirante do 2º Distrito Naval, Antônio Fernando Monteiro Dias, disse que a Base Naval tem sido ameaçada por “falsos quilombolas”, ao se referir aos moradores do Rio dos Macacos.