UFBA é a melhor universidade do nordeste e se recupera em classificação global do Ranking ARWU 2025
Por Ronne Oliveira
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) emergiu como a melhor universidade do Nordeste no Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU) ou Ranking de Xangai (Shanghai) 2025. O resultado é notável, após uma queda considerável em 2023 e uma retomada inesperada na liderança pelo Nordeste.
O Bahia Notícias teve acesso ao relatório completo do Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU) de Shanghai 2025. Nele, é possível observar que, mesmo com a UFBA melhorando, o caminho ainda é longo para ficar entre as 500 melhores do mundo.
A trajetória da UFBA no ranking demonstra uma recuperação significativa. Há três anos, em 2022, a instituição ocupava a 18ª posição nacional e a 3ª no Nordeste. Em 2023, nem sequer figurou entre as 20 melhores brasileiras. Em 2024, voltou a aparecer na 14ª posição e, neste ano, se manteve 14º lugar no país, o que a coloca na liderança entre as nordestinas.
Veja a evolução em números:
O Brasil foi representado por 21 instituições no ranking mundial de 2025, com apenas três delas figurando entre as 500 melhores do mundo. Como esperado, a Universidade de São Paulo (USP) manteve a liderança nacional.
É importante explicar que, apesar de o Nordeste ter boas universidades estaduais e federais, quando se observa as mais bem classificadas no ranking de Shangai, somente a UFBA, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) aparecem em posições de destaque por diversos anos consecutivos.
Trecho onde aparece as federais nordestinas quase empatadas | Foto: Montagem / Bahia Notícias
Isso não significa que instituições como UFRN (Federal do Rio Grande do Norte), UFPB (Federal da Paraíba), UESC, UNEB e outras não tenham qualidade de pesquisa ou ensino. Apenas que, nesses rankings específicos, elas não pontuam tão alto em comparação com as universidades citadas, como entre as 20 melhores do país.
Já entre as universidades federais, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi a mais bem classificada do país. A UFBA, por sua vez, garantiu sua posição entre as melhores da região, ficando na faixa de 901 a 1000 no ranking global. A universidade baiana aparece quase empatada com a Federal do Ceará e a de Pelotas.
Um exemplo é a universidade ser superada em outros rankings que consideram a capacidade de publicação e internacionalização de pesquisa. As pontuações da UFBA seguem baixas, porém a baiana se manteve estável do último ano para cá. O ano de 2023 foi um ano de queda global na produção de pesquisa, e a universidade baiana foi muito atingida.
“Não estamos em uma competição. A UFBA é a UFBA, a UFC é a UFC e assim por diante. Em 2022 ocorreu uma queda global de pesquisa no mundo todo por conta das consequências da pandemia, cortes orçamentários na área de ciência e tecnologia e as mudanças nas políticas públicas para o setor, o que tem levado muitos cientistas brasileiros a buscarem oportunidades no exterior. É preciso ter cautela ao olhar esses rankings internacionais”, ressalta o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA, Ronaldo Lopes, em entrevista ao Bahia Notícias.
O pró-reitor lembra que dados da Agência Bori em conjunto com a Elsevier (2023) mostram que a produção científica brasileira, que se apresentava em crescimento constante nas décadas anteriores, teve uma queda perceptível em 2022 e se repetiu em 2023. Naquele relatório, demonstrou-se que, em tal período, o número de artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros em revistas internacionais de alto impacto sofreu um decréscimo de aproximadamente 20%.
O Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU), ou Ranking de Shangai, é publicado desde 2003 com base em um conjunto de indicadores objetivos. A avaliação considera o número de vencedores do Prêmio Nobel e da Medalha Fields entre ex-alunos e funcionários, o volume de artigos publicados em periódicos de prestígio como Nature e Science, a quantidade de pesquisadores altamente citados e o número de artigos indexados. Mais de 2.500 universidades são avaliadas, e as 1.000 melhores são publicadas anualmente.