Presidente da Faeb atribui situação de tarifaço à disputa de “narrativas” e evita críticas a Trump
Por Francis Juliano
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, considera o cenário de exportações para os Estados Unidos (EUA) ainda “nebuloso”. Na pauta de exportações para os EUA, frutas e café já sofrem os 50% do chamado “tarifaço” de Donald Trump.
A medida, que ataca diversos produtos nacionais, já está em vigor há quase 15 dias. Pelos cálculos da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o prejuízo é estimado em quase 400 milhões de dólares às exportações baianas até o fim de 2025.
Produtos da fruticultura baiana, como a manga [a mais exportada] e a uva, tem ainda o agravante de ser perecível, com prazo de validade mais curto, o que aumenta a preocupação do setor. O item é produzido sobretudo na região de Juazeiro, no Vale do São Francisco, e em cidades como Livramento de Nossa Senhora, no Sudoeste.
Ao Bahia Notícias, Humberto Miranda disse que uma das preocupações do momento se deve ao fato da paralisação de investimentos. “A fruta é um produto perecível que não tem tempo de armazenar por 60, 90 dias, enquanto se abre um novo mercado para colocar o seu produto. Então, isso gera uma instabilidade no setor, isso para os investimentos. Acho que esse é o problema maior nesse primeiro momento”, disse o presidente da Faeb ao BN.
O presidente da Faeb evitou também criticar o governo Trump pelo aumento da tarifa aos produtos brasileiros, umas das maiores impostas entre os países taxados, e preferiu concentrar a crítica no que chamou de guerra de narrativas.
“As narrativas, de um contra o outro, continuam, e isso é o pior. Se a gente tivesse se acomodado no cenário político, e as narrativas estivessem indo na mesma direção, ou se eles tivessem baixado o tom de ambos os lados, e não estou tomando o mesmo partido aqui, a gente iria num cenário mais tranquilo para o futuro”, justificou.
O presidente da Faeb também considera que o pacote de medidas do governo federal [Brasil Soberano] para injetar créditos no setor exportador nacional ainda carece de esclarecimentos.
“O governo lançou um volume significativo de recursos, mas não detalhou de que forma isso vai chegar. E aí falo em nome dos produtores da ponta, do setor primário, dos produtores rurais da Bahia. Então por isso que o momento ainda é muito nebuloso, um momento ainda de muita apreensão dos produtores, porque a gente não sabe como será o dia de amanhã em relação à nossa produção”, declarou.