Guia morto em Caraíva tinha temor de abordagem racista antes de operação
Por Francis Juliano
Um print de uma conversa com Victor Cerqueira Santos Santana, morto durante uma ação policial em Caraíva, distrito de Porto Seguro, na Costa do Descobrimento, mostra o receio do guia turístico como abordagens de cunho racista.
A operação ocorreu no final da tarde do último sábado (10) e tinha com alvo um líder de uma facção criminosa, identificado como Davisson Sampaio dos Santos, de 23 anos, conhecido como “Alongado”, que também morreu na ocasião.
Foto: Reprodução / Redes Sociais
Nas mensagens divulgadas por um amigo da vítima, Vitor Cerqueira conversa com uma pessoa. A interlocutora pede que ele se mude para Itabela devido à violência. O guia responde que não tinha interesse na mudança e fala que "pelo menos em Caraíva, a briga seria entre "polícia e bandido", não "guerra de facção" como ocorreria em Itabela.
Ao final, Victor Cerqueira escreveu: "Nego vai me ver pretinho e querer me pegar TB". A morte do guia turístico provocou comoção na localidade.
Por meio de nota, a Comunidade de Caraíva declarou que testemunhas viram Victor sendo algemado, descalço e apenas de bermuda por volta das 18h do sábado. Já na madrugada do domingo (11), o corpo deu entrada no Instituto Médico Legal (IML) "com sinais de tortura e execução", além de "múltiplas fraturas no tórax, hematomas no rosto e na parte interna da boca, um ferimento de arma branca na costela e um disparo na jugular, de cima para baixo", diz trecho da nota.
Ainda segundo a organização, dias antes de ser morto, o guia teria registrado uma denúncia de racismo ao ser acusado de furto em uma escola.
A associação ainda afirmou que há indícios de que câmeras de segurança no local da operação foram desligadas, com apreensão de outros equipamentos no entorno do local. A Polícia Civil do estado apura o caso.