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Itabuna tem disputa confusa entre ex-prefeitos e por apadrinhamento de Rui

Por Bruno Luiz

Itabuna tem disputa confusa entre ex-prefeitos e por apadrinhamento de Rui
Cidade tem disputa pulverizada, com 11 candidatos a prefeito | Foto: Divulgação

O cenário eleitoral é tão incerto quanto confuso em Itabuna, cidade do sul baiano que possui o quinto maior colégio eleitoral do estado, onde 154.369 estão aptos a votar para prefeito e vereadores no pleito deste ano. 

 

A pequena miríade na quantidade de candidatos à chefia do Executivo Municipal - são 11 nomes na disputa - sinaliza a barafunda instalada na corrida eleitoral da cidade.

 

Assim como em Salvador, a base do governador Rui Costa (PT) está fragmentada nas terras grapiúnas. Pelo menos quatro candidatos de partidos aliados ao petista disputam o voto da população em Itabuna: Augusto Castro (PSD), Geraldo Simões (PT), o atual prefeito Fernando Gomes (PTC) e Capitão Azevedo (PL). Por outro lado, também como na capital baiana, o prefeito ACM Neto (DEM) deu suas bênçãos a um único nome. O escolhido foi Dr. Mangabeira, do PDT, partido que ocupa a vice de Bruno Reis em Salvador.

 

Além deles, concorrem ainda Charliane Sousa (MDB), Dr. Isaac Nery (Avante), Alfredo Melo (PV), Edmilton Carneiro (PSDB), Pedro Eliodório (UP) e Professor Max (PSOL). 

 

HISTÓRICO E ESTRATÉGIAS
Entre os candidatos com maior densidade eleitoral, a disputa é entre nomes que já se sentaram na cadeira de prefeito e outros que apostam no discurso da nova política. 

 

Como símbolo da política tradicional, aparece o antológico Fernando Gomes. Aos 81 anos, ele tenta o sexto mandato, sendo que governou Itabuna pela primeira vez em 1977, pelo MDB.

 

Após declarar que não seria candidato à reeleição porque não queria continuar enfrentando os efeitos da pandemia de coronavírus, decidiu, aos 45 minutos do segundo tempo, concorrer. Colocou na vice o sobrinho Son Gomes (Republicanos), cogitado inicialmente como candidato a prefeito, suscitando rumores de que tenha planos de renunciar, caso ganhe, para dar o mandato ao parente.

 

Hoje aliado do governador Rui Costa, foi eleito em 2016 pelo DEM, presidido nacionalmente pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. Em 2017, rompeu com Neto e iniciou a aproximação política com o petista. Acumula problemas com a Justiça. Só conseguiu tomar posse do atual mandato após decisão do Tribunal Regional Eleitoral - chegou a ter a candidatura indeferida por causa da Lei da Ficha Limpa.

 

A despeito do desgaste de sua figura junto ao eleitorado, o candidato à reeleição tenta construir na campanha a figura do líder acessível e popular, que vai ao encontro da população menos vulnerável. Tem investido em estratégias de comunicação que o aproximam do eleitorado mais jovem, como propagandas eleitorais em formato de reality show e dancinhas do Tik Tok.

 

Geraldo Simões também é conhecido dos itabunenses. Governou a cidade por duas vezes e foi, durante muito tempo, o principal adversário de Gomes. No entanto, vem perdendo força política ao longo dos anos. Disputou eleições em 2004 e 2016, sem êxito. Ainda tentou emplacar a esposa, Juçara Feitosa, nos pleitos de 2008 e 2012, sendo igualmente derrotado. Como estratégia eleitoral, tem criticado frontalmente o atual prefeito e estabelecidos contrastes entre a gestão do adversário e as suas. Também se apresenta ao público como o "único candidato com apoio do governador Rui Costa".

 

À frente em pesquisas, Capitão Azevedo foi prefeito entre 2009 e 2012, indicado por Gomes. Depois, rompeu as relações com o padrinho e aglutinou um grupo político em torno de si, a partir da dissidência. Aposta em atividades de campanha em bairros mais pobres e tem investido também na imagem do vice, o empresário Roberto Minas Aço, do PP.

 

Segundo colocado nas eleições de 2016, Dr. Mangabeira volta às urnas estabelecendo um contraponto com os adversários e tentando convencer a população de que, ao contrário deles, trará uma nova forma de se fazer política. Em contraponto aos demais adversários, tem se apresemtado como mais gestor e menos político e se colocado como alguém com qualificação para resolver os principais gargalos do município.

 

Ex-deputado estadual, Augusto Castro vem com o mesmo discurso. Ex-tucano e antigo aliado de ACM Neto, migrou para a base de Rui logo após não conseguir se reeleger para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) no pleito de 2018. Também se diz alguém capaz de trazer a novidade, ante a política tradicional representada pelos oponentes.

 

TENDÊNCIA
Professor da Unifacs e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Henrique Campos de Oliveira destaca que Itabuna tem uma tradição que pode preocupar Fernando Gomes: a de não reeleger prefeitos. 

 

“A única pessoa que conseguiu fazer sucessor foi Fernando Gomes, que fez Azevedo como sucessor. Mas o próprio Gomes poderia ir para a reeleição naquela época e não quis. Fora isso, Geraldo e Fernando Gomes se alternaram na prefeitura da cidade entre o início da década de 90 e meados da década de 2000”, explicou. 

 

Ele lembra também que há uma disputa pelo apoio de Rui Costa, já que o governador é bem avaliado pelas obras feitas na cidade.

 

“Há uma disputa dos prefeituráveis pelo apoio do governo do estado. Tem Augusto Castro reivindicando apoio do governo, Geraldo Simões, que é do próprio PT, Azevedo, que é do PL e tem na vice um nome do PP, que é do vice-governador João Leão”, diz, sem mencionar Gomes neste grupo, ao notar certo distanciamento do atual prefeito da figura de Rui. 

 

DESAFIOS
Uma das cidades com situação mais grave de contaminação e mortes pelo coronavírus, Itabuna tem na saúde um desafio a ser resolvido pelo próximo prefeito. 

 

A pandemia fez o município ganhar destaque nacional em julho, quando Fernando Gomes afirmou que reabriria o comércio local “morra a quem morrer”. A frase, que entrou para a antologia da pandemia e da vasta carreira política do prefeito, causou indignação e choque na população brasileira. Quem também virou vítima da Covid-19 foi o candidato Augusto Castro, que, internado em estado grave por mais de um mês, precisou respirar com ajuda de aparelhos e fazer hemodiálise.

 

Outra área na qual a cidade se destaca negativamente é a educação. Em 2019, Itabuna alcançou apenas 4,3 e 3,1 nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, respectivamente, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os números ficaram abaixo das médias estadual (4,82 e 3,84) e nacional (5,68 e 4,46) para a mesma faixa.

 

Outra fonte constante de reclamação da população é o abastecimento de água. Responsável pelo serviço, a Emasa, empresa municipal, volta e meia é notícia por deixar parte do município desabastecida.

 

CENÁRIO PARCIAL
Levantamento feito em setembro pelo Bahia Notícias e a Séculus Análise e Pesquisa reafirmou o cenário de pulverização na corrida eleitoral para a prefeitura, Na ocasião, apareceu à frente nos cenários pesquisados o pré-candidato Capitão Azevedo. O atual prefeito, Fernando Gomes, não foi incluído na sondagem por não constar como pré-candidato à reeleição até o início das entrevistas. 

 

Em um cenário estimulado, quando os nomes dos candidatos são apresentados, Capitão Azevedo apareceu com 26,47%, seguido por Augusto Castro (20,27%), Dr. Mangabeira (10,22%) e Geraldo Simões (8,04%). 

 

Vieram ainda Dr. Isaac Nery (3,18%), Guinho e Son Gomes (2,68% cada), Vane do Renascer (2,18%), Charliane Souza (1,34%), Professor Max (1,17%) e Júnior Brandão (0,84%). Após esta pesquisa, nenhum outro levantamento sobre o cenário eleitoral na cidade foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

O levantamento BN/Séculus ouviu 599 eleitores entre os dias 31 de agosto de 1 de setembro de 2020. O intervalo de Confiança é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.

 

Os dados referentes à pesquisa eleitoral foram encaminhados à Justiça Eleitoral e protocolizados sob o número BA-00235/2020.