Preso por atropelar e arrastar Tainara é levado para cadeia em Guarulhos, na Grande SP
Por Paulo Eduardo Dias | Folhapress
Douglas Alves da Silva, 26, apontado pela Polícia Civil como o condutor do veículo que atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, 31, deixou a carceragem de uma delegacia na capital e foi levado para o Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, na Grande São Paulo.
A mudança ocorreu após a Justiça converter a prisão dele de temporária para preventiva (sem prazo). Ele deu entrada na cadeia na segunda-feira (8), conforme a Secretaria da Administração Penitenciária.
Para a Polícia Civil, Douglas era o motorista do Volkswagen Golf preto que atropelou e arrastou Tainara pela marginal Tietê, no Parque Novo Mundo, zona norte da capital paulista, na manhã de sábado (29).
Conforme o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego, titular do 90º DP (Parque Novo Mundo), Douglas foi indiciado por tentativa de feminicídio contra Tainara e por tentativa de homicídio contra o homem que a acompanhava naquele momento.
De acordo com o pedido de prisão preventiva feito à Justiça pelo delegado Luiz Gonçalves Dias Filho, também do 90º DP, após ter se envolvido em uma briga com o homem, motivado por ciúmes de Tainara, com quem teria mantido um relacionamento no passado, Douglas, intencionalmente, tentou matar o casal.
Ele, no entanto, nega e afirma que não conhecia Tainara ou seu acompanhante.
Em interrogatório na delegacia, Douglas contou que o homem que estava com Tainara teria brigado com um outro homem que o acompanhava. Ele teria tentado separar a confusão, quando foi agredido. Ele afirmou ter sido ameaçado de morte pelo mesmo homem que o agredira.
Segundo a versão apresentada para a polícia, Douglas teria entrado em seu Golf junto ao amigo. Quando estava indo embora, acabou batendo o carro em Tainara. Ele ainda afirmou não ter percebido os alertas de outros motoristas de que a vítima estava sendo arrastada pelo seu veículo. De acordo com ele, deixou o local com medo de ser agredido.
Douglas foi preso na noite de domingo (30). Durante a prisão, ele teria resistido e acabou sendo baleado no braço. Em audiência de custódia, ele contou para um juiz e para uma promotora ter sido agredido pelos policiais civis ao ser detido em um hotel na Vila Prudente, zona leste de São Paulo.
O advogado do suspeito, Marcos Tavares Leal, alega que ele estava dormindo no momento que a polícia entrou no quarto do hotel e o agrediu. Na audiência de custódia, Leal disse que Douglas ainda estava com a ferida do tiro aberta, além de vários machucados. Por isso, pediu ao juiz que ele tivesse atendimento médico e também fizesse o exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal), o que foi prontamente atendido pelo juiz.
A agressividade da ação, que levou à amputação das pernas de Tainara, chamou a atenção de policiais civis e militares que acompanharam a ocorrência. A vítima recebeu atendimento primário no Hospital Municipal Vereador José Storopolli, conhecido como Vermelhinho, localizado a poucos metros do local onde foi arrastada. Atualmente, ela está internada no Hospital das Clínicas, na zona oeste. A assessoria do complexo disse não ter autorização para fornecer detalhes do estado de saúde dela.
A ação de Douglas deixou Bicego, um delegado com quase 30 anos de carreira, perplexo. "Ato de barbárie. Isso foge do padrão médio da sociedade. Nada justifica o que ele fez", disse à Folha de S.Paulo.
