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Sessão final da COP30 tem briga de países e reclamação contra presidente

Por Fábio Pupo, João Gabriel e Jéssica Maes | Folhapress

Sessão final da COP30 tem briga de países e reclamação contra presidente
Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR

A plenária final da COP30 foi marcada por reclamações sobre a condução dos trabalhos por parte da presidência brasileira. Enquanto alguns países latinos questionavam o processo, sendo o mais vocal a Colômbia, o Brasil recebia solidariedade de outros como a Rússia --que acusou os primeiros de agirem como crianças.
 

A sessão começou por volta de 13h15 com uma tomada de decisões em sequência por parte do presidente do evento, André Corrêa do Lago. Enumerando uma lista de itens, a conferência foi aprovando os textos sem falas de outros presentes.
 

Quando o espaço foi aberto para posicionamentos, países latino-americanos contestaram elementos do que havia sido aprovado e disseram que estavam sendo ignorados na reunião. O Panamá, por exemplo, tomou a palavra e questionou a falta de detalhamento no texto final sobre indicadores de adaptação climática (a maneira como os países podem lidar com efeitos da crise já em curso).
 

"Você [Corrêa do Lago] prometeu um processo transparente, e não é o que estamos vendo. Levantei minha bandeira [para falar] e fui ignorada. Usamos semanas de discussão, e agora na plenária os processos não estão sendo seguidos", disse a representante panamenha. "O Panamá quer te apoiar, senhor presidente. Sei que você fez muito por esse processo, mas não podemos aceitar um resultado que retrocede. Os indicadores não contêm metadados ou metodologia. Não é como vamos alcançar o objetivo de adaptação."
 

O representante do Chile elogiou os esforços de Corrêa do Lago durante a conferência, mas afirmou que estava frustrado com determinados pontos do texto final e questionou as decisões tomadas. "No coração das preocupações está a integridade do processo", afirmou.
 

O ápice do descontentamento veio da Colômbia. Daniela Durán González, chefe de assessoria do Ministério do Meio Ambiente do país, afirmou que estava rejeitando a proposta do programa de trabalho de mitigação (ações que reduzem emissões e evitam agravamento do aquecimento global) por não haver menção à necessidade de uma transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis.
 

Quando Corrêa do Lago afirmou que a reclamação da Colômbia seria incorporada ao relatório, a delegada colombiana tomou novamente a palavra e questionou. "Há um sério problema de procedimento. Não é uma afirmação que queremos no relatório, é uma objeção", disse ela, ameaçando travar a aprovação do documento, já que as decisões precisam de consenso.
 

"A Colômbia está muito preocupada com os procedimentos nesta plenária. A Colômbia apontou [que gostaria de falar] sobre mitigação e foi ignorada. Senhor presidente, o senhor está nos deixando sem opção a não ser rejeitar o item de mitigação", disse. "Lamentamos fazer isso".
 

Nas redes sociais, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, protestou. "Não aceito que a declaração da COP30 não diga com clareza, como diz a ciência, que a causa da crise climática são os combustíveis fósseis que são usados pelo capital."
 

Em meio à situação tensa na plenária, Corrêa do Lago suspendeu a sessão. Naquele momento, havia dúvida sobre a validade dos textos aprovados no começo da sessão. Após mais de uma hora de discussões longe dos microfones, a plenária foi retomada.
 

O embaixador pediu desculpas e afirmou que não se deu conta de que países estavam pedindo a palavra. Ele disse que, consultado o secretariado, as decisões feitas no começo da sessão foram consideradas aprovadas e que houve um acordo para aprofundar os temas na discussão de meio de ano, em Bonn (Alemanha).
 

"Eu profundamente lamento que não tive conhecimento do pedido das partes para falar. Como muitos de vocês aqui, não dormi e provavelmente isso não ajudou. Assim como minha idade avançada", disse o presidente da COP30.
 

A sessão continuou, e a Rússia pediu a palavra para prestar solidariedade ao brasileiro e acusar os países latinos que estavam reclamando de agir como crianças. "Evitem se comportar como crianças que querem suas mãos em todos os doces", afirmou o representante russo. Ele disse não entender por que as delegações latino-americanas trouxeram discordâncias à sessão final "depois de muitas oportunidades nas últimas 24 horas para se chegar a um ponto de convergência".
 

Segundo o russo, Corrêa do Lago fez o possível para conduzir o processo rumo a objetivos comuns e foi bem-sucedido nessa tarefa. O delegado ainda questionou por que os latinos estavam falando em inglês se há tradução na sala para vários idiomas e fez questão de fazer suas declarações em espanhol.
 

A Argentina ainda deu uma última resposta em nome do bloco dos latinos descontentes. "Não estamos nos comportando como crianças mimadas. Estamos aqui para representar nossos países. Viemos aqui para representar os milhões de habitantes desse continente que representamos", disse a representante.
 

A Índia se somou à Rússia e também expressou apoio a Corrêa do Lago. O representante do país asiático prestou "solidariedade ao presidente da COP pelo fantástico esforço organizando esta COP" e disse que, nas últimas duas semanas, todos "trabalharam incansavelmente por um consenso". O negociador afirmou ainda que era do interesse da Índia garantir que "o multilateralismo seja bem-sucedido" e que os países não poderiam "sair da sala sem um acordo".
 

Passada a tensão na discussão, a Nigéria se distanciou do compromisso de transição energética. A representante do país africano afirmou que reconhece a urgência climática, mas advertiu que "uma transição bem-sucedida não pode ser imposta".