Ministro diz que Enem não será cancelado e chama de ruído possível vazamento de questões
Por Mariana Brasil | Folhapress
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou na sexta-feira (21) que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não será anulado, após suspeitas de vazamento de conteúdo e anulação de questões.
"Eu queria aqui tranquilizar a cada um de vocês que fizeram a prova, a cada um de seus familiares, que o Enem não será cancelado", afirmou, em vídeo publicado em uma rede social.
"[Sobre] o ruído que aconteceu nas redes sociais de uma live de um aluno, de um jovem que divulgou questões que podiam ser similares às que caíram no Enem, a comissão do Inep, que é responsável pelo Enem, tomou a decisão técnica de cancelar, anular, três itens com um único objetivo: de prevenção e isonomia e para não prejudicar nenhum aluno que fez o Enem esse ano."
Camilo se refere a uma live realizada antes do segundo dia do exame pelo estudante de medicina Edcley Teixeira, que mostrava ao menos cinco questões muito semelhantes às da prova de 2025.
Em sua fala, Camilo também reiterou que a Polícia Federal instaurou na quarta-feira (19) um procedimento para analisar a possível divulgação indevida de questões desta edição da prova.
Segundo a PF, foram adotadas medidas imediatas de preservação, incluindo o resguardo do conteúdo veiculado em redes sociais e o acionamento das plataformas digitais para a preservação dos registros técnicos necessários às apurações.
Estudantes articulam pelas redes sociais manifestações entre sexta e sábado (22) para pedir a anulação do Enem 2025. A mobilização surgiu após o Inep decidir cancelar apenas três questões do exame, depois de vir à tona o vídeo em que Edcley exibe questõe quase idênticas às da prova em uma live no YouTube, dias antes da realização das provas de matemática e ciências da natureza.
Os estudantes que integram a mobilização alegam que a anulação das questões ainda é uma medida insuficiente para resolver o caso, sob o argumento de que os alunos que tiveram acesso ao conteúdo antes saíram em vantagem de tempo frente aos demais.
Eles também afirmam que a desconsideração das questões impacta na TRI (Teoria de Resposta ao Item) de todos os candidatos, podendo causar prejuízo às notas. O método de pontuação das questões calcula os acertos de forma qualitativa, pontuando mais ou menos conforme a dificuldade e coerência dos acertos — recurso para identificar possíveis "chutes".
Os organizadores do movimento, chamado Anula Enem, dizem ter sido prejudicados e usam WhatsApp e Telegram para coordenar atos em capitais do país. Em Brasília, cerca de 30 estudantes e familiares protestaram em frente à sede do Inep.
De acordo com os integrantes do movimento presentes no local, a concentração foi prejudicada devido a instabilidades no transporte público do DF.
A live de Edcley viralizou na segunda-feira (17), um dia após as provas de matemática e ciências da natureza. Nela, o estudante de medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará) apresentava suas principais apostas para o exame e mostrava ao menos cinco questões com forte semelhança às que acabaram aplicadas.
Após o episódio, o Inep divulgou um comunicado reafirmando "isonomia, lisura e validade" do Enem 2025. O órgão disse que "nenhuma questão foi apresentada tal qual" na prova e que as semelhanças identificadas foram "pontuais".
