Brasil deve levar 16 anos para superar desigualdade racial no ensino médio, diz estudo
Por Folhapress
O Brasil deve demorar mais 16 anos para superar as desigualdades raciais e socioeconômicas na conclusão do ensino médio, caso mantenha o ritmo médio de avanços observados na última década. É o que aponta um estudo do Todos pela Educação divulgado nesta segunda-feira (17).
O levantamento, feito com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que o país tem 1 em cada 4 jovens de até 19 anos fora da escola, mesmo sem ter conseguido concluir a educação básica. Eles tiveram que deixar os estudos por precisar trabalhar ou porque perderam o interesse.
Os dados mostram que há diferenças raciais significativas. Enquanto 69,5% dos jovens pretos, pardos e indígenas de até 19 anos têm o ensino médio completo, entre os jovens brancos e amarelos esse índice chega a 81,7%.
Há uma década, essa diferença era ainda maior, com índice de conclusão de 66,3% entre os brancos e 46% entre os jovens negros.
Segundo o estudo, ao longo desses dez anos, o país registrou, em média, um ritmo de redução das desigualdades raciais de 0,8 ponto percentual ao ano. Se mantida essa toada, o Brasil ainda vai levar 16 anos para equiparar os dois grupos.
"O Brasil avançou, mas ainda em ritmo insuficiente para garantir o direito à conclusão da educação básica a todos. É hora de reafirmar o compromisso do país com políticas que assegurem acesso, permanência, aprendizagem e equidade, para que todos, especialmente os mais vulneráveis, tenham as condições para concluir o ensino na idade certa", diz Manoela Miranda, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação.
Considerando recortes socioeconômicos, as diferenças são ainda maiores: entre a parcela mais pobre, apenas 60,4% dos jovens concluíram o ensino médio até os 19 anos. Já entre os mais ricos, são 94,2%.
Uma das políticas que pode ajudar a acelerar o ritmo dessa mudança é o programa Pé de Meia, cujo objetivo é reduzir o índice de evasão pela necessidade de trabalhar.
Pelas regras do programa, alunos matriculados no ensino médio recebem R$ 200 mensais, mais R$ 1.000 a cada ano concluído e um adicional de R$ 200 se prestarem o Enem, que só podem ser retirados da poupança após a formatura no ensino médio.
Até o fim de 2024, o programa já beneficiava 3,95 milhões de estudantes, segundo dados do governo federal, representando 50,6% das 7,8 milhões de matrículas registradas no ensino médio naquele ano.
