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Mudança que permite usar mais de um Enem em sistema do MEC gera queixas e abaixo-assinado

Por Carolina Faria | Folhapress

Mudança que permite usar mais de um Enem em sistema do MEC gera queixas e abaixo-assinado
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Recente portaria do MEC (Ministério da Educação) que permite que candidatos utilizem notas de até três edições anteriores do Enem no sistema federação de seleção para universidades vem gerando revolta entre estudantes que farão neste ano o exame —nos próximos dois domingos, 9 e 16 de novembro.
 

Segundo o governo, medida tem como objetivo ampliar as oportunidades de ingresso no ensino superior, oferecendo mais flexibilidade a quem já fez a prova e deseja tentar novamente uma vaga pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
 

No entanto, parte dos estudantes reclamaram da medida nas redes sociais, com pedidos de revogação da portaria. Um abaixo-assinado também foi criado no site Change.org e conta com mais de 30 mil assinaturas.
 

Os insatisfeitos consideram a mudança injusta por entenderem que ela pode criar uma desigualdade entre quem está realizando o exame pela primeira vez e candidatos que já possuem notas anteriores.
 

"Acredito que essa mudança é injusta e elitista, favorecendo aqueles que tiveram condições de se preparar e realizar o exame em múltiplos anos e penalizando aqueles que, por diversas razões, têm que depender da nota de um único ano", diz o texto da petição.
 

Outros apontam que a decisão foi anunciada sem debate prévio com a comunidade estudantil e em um momento considerado inoportuno —em 24 de ourubro, a duas semanas da realização do Enem 2025.
 

Pela mudança, o sistema considerará a melhor média obtida pelo estudante entre as três últimas edições do exame imediatamente anteriores ao processo seletivo (para o Sisu 2026, por exemplo, serão avaliadas as pontuações obtidas em 2023, 2024 e 2025). Essa nota será usada para fins de inscrição, classificação e eventual seleção no curso escolhido.
 

De acordo com o pesquisador Renato Pedrosa, do Instituto de Estudos Avançados da USP, a possibilidade de utilização da nota de edições antigas do Enem era estudada desde a primeira versão do exame. "Na verdade, a ideia original é que o Enem, por ser equalizado no tempo, poderia ser utilizado por algum período e a pessoa não precisaria refazer o exame todo ano", explica.
 

Essa opção, de acordo com ele, mostrou-se inviável nos primeiros anos de sua realização. "Essa ideia original circulou quando foi instituído o Sisu [em 2009], mas ainda não era possível realizá-la na época, pois era preciso testar o modelo novo do Enem e confirmar se iria mesmo funcionar a equalização para anos diferentes", disse Pedrosa.
 

Sobre um eventual aumento da concorrência para os cursos mais disputados, o pesquisador afirma que as notas de corte podem subir um pouco, mas que só é possível afirmar isso com certeza depois da primeira experiência.
 

Questionado sobre a portaria, o MEC informou à Folha de S.Paulo que, ao permitir que candidatos de edições anteriores do Enem concorram novamente, o Sisu amplia o universo de participantes e, consequentemente, a probabilidade de preenchimento das vagas ofertadas.
 

A mudança busca otimizar a ocupação das vagas disponíveis em instituições públicas de educação superior, mantendo o princípio da isonomia entre todos os participantes.
 

Segundo a assessoria do ministério, outras instituições de educação superior públicas já adotam a utilização de mais de uma edição do Enem em seus processos seletivos próprios.
 

O MEC afirmou manter diálogo contínuo com as instituições públicas de educação superior, de forma a assegurar o aprimoramento das políticas de acesso à educação superior.
 

O ministério ainda afirmou que as provas do Enem são comparáveis entre si devido à metodologia da TRI (Teoria da Resposta ao Item), conjunto de modelos matemáticos que busca representar a relação entre a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, o seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características das questões.
 

Com base em parâmetros definidos, a comparabilidade entre as edições do mesmo ano e de anos diferentes é determinada pelos vários pré-testes a nível nacional. Esse processo permite estabelecer uma conexão entre as diversas edições do Enem.