Governadores de direita criam 'Consórcio da Paz' e atacam Lula após operação letal no RJ
Por Jan Niklas | Folhapress
Governadores de direita se reuniram no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (30) para demonstrar apoio ao governador Cláudio Castro (PL), após a operação policial mais letal da história do Brasil, que deixou 121 mortos até o momento. Eles anunciaram a criação de um grupo que chamaram de "Consórcio da Paz" e vai reunir os chefes dos Executivos estaduais para articular ações de combate ao crime organizado.
 
O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou da reunião por meio de videoconferência e disse que o Rio de Janeiro "deu uma grande demonstração". "O estado do Rio de Janeiro agiu muito bem, fez a diferença", afirmou.
 
Em tom de campanha eleitoral antecipada, os governadores fizeram ataques ao governo Lula (PT). Além de Tarcísio e do governador fluminense, participaram nomes cotados como presidenciáveis como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás.
 
Também participaram Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina; Eduardo Riedel (PP), governador de Mato Grosso do Sul, e Celina Leão (PP), vice-governadora de Brasília.
 
"Nós estamos aqui com uma resposta clara no âmbito dos estados, que será, segundo [batizou] o nosso marqueteiro Jorginho o 'Consórcio da Paz'. Vai ser no modelos de consórcios que já existem para que possamos dividir experiências e ações de combate ao crime e conseguir a libertação do nosso povo", anunciou Castro, em entrevista coletiva conjunta no Palácio Guanabara que durou cerca de uma hora.
 
Zema elogiou a operação policial que, em sua visão, foi "extremamente bem-sucedida" e enfatizou que ela foi feita sem o apoio do governo federal.
 
"Temos um presidente que vai lá fora organizar a paz em Gaza, mas deixa o provo morrendo aqui", afirmou o governador mineiro.
 
Na mesma linha, Caiado destacou que a Bahia, estado governado há anos pelo PT, é atualmente o campeão de índices de violência policial. Ele associou governos de esquerda a posturas lenientes com o crime organizado.
 
"O divisor é moral. Quem quer, seriedade, cumprimento da lei e ordem está aqui, fique conosco. Se quer Lula, Maduro, fique com eles".
 
O encontro reuniu governadores que vem se movimentando para herdar o espolio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Antecipando a disputa eleitoral de 2026, a pauta da segurança pública serviu para engajar os governadores num contraponto a governo Lula.
 
A reunião ocorre após Castro travar uma queda de braço com Lula visando capitalizar as repercussões políticas do planejamento e execução da operação. Após troca de farpas com o governo federal, na quarta-feira Castro selou um acordo com o ministro Ricardo Lewandowski para criação de um escritório emergencial contra o crime.
 
Na reunião, Castro foi aplaudido ao dizer que não vai retroceder. Disse que as operações não vão parar. "Onde houver barricada, haverá operação." Pediu aos governadores ajuda com agentes e equipamentos.
 
De uma sala com um grande monitor no Palácio dos Bandeirantes, o governador lamentou as mortes de quatro policiais na operação. "Meus sentimentos aos policiais perdidos, às polícias Civil e Militar pelas perdas na operação. Toda morte acaba sendo uma derrota para nós, mas não agir, seria covardia, rendição. E o estado do Rio de Janeiro agiu muito bem, fez a diferença", declarou.
 
Em um vídeo editado de pouco mais de três minutos, publicado em suas redes sociais, Tarcísio citou ações de seu governo, como "enfrentamento da cracolândia e contra o crime organizado". Disse ainda que mudanças na legislação, como a que vai classificar facções como terroristas, são fundamentais para edurecer penas e aumentar o custo do crime.
