Anvisa libera fabricação de etanol farmacêutico, antídoto para intoxicação por metanol
Por Folhapress
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a produção de doses de etanol injetável, usado como antídoto para casos de intoxicação por metanol. O primeiro lote será fabricado pelo laboratório Cristália, e toda a produção será doada ao Ministério da Saúde.
O reforço na produção do antídoto é uma das medidas da Anvisa para enfrentar os casos de intoxicação por metanol no país. No dia 3, o órgão regulamentou os procedimentos para a autorização em caráter emergencial da fabricação de álcool etílico injetável.
Entre outras regras, a empresa fabricante deve estar localizada no Brasil e atender aos requisitos sanitários previstos. Além disso, os medicamentos produzidos deverão seguir critérios técnicos de qualidade para uso humano e terão prazo de validade de até 120 dias.
Em nota, o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, destacou a articulação entre a Anvisa, o Ministério da Saúde e o setor produtivo.
"Nos momentos decisivos, momentos de emergência que o país tem, a indústria sempre se prontificou a atender da melhor forma possível. Nesse caso, é possível ver mais uma vez a celeridade da ação da do Ministério da Saúde e da Anvisa para proteger a saúde da população brasileira, completou", disse.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem 29 casos confirmados de intoxicação por metanol -sendo 25 em São Paulo, três no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Foram confirmadas cinco mortes até agora, enquanto outras seis permanecem em investigação.
Segundo a pasta, o SUS (Sistema Único de Saúde) está abastecido de etanol farmacêutico, produto que vem sendo utilizado nos tratamentos. A substância bloqueia o caminho pelo qual o metanol se transforma em ácido fórmico, mas provoca embriaguez como efeito colateral. O fomepizol faz o mesmo, mas com menor risco de efeitos adversos.
Na quinta-feira (9), o Brasil recebeu um lote com 2.500 ampolas de fomepizol, outro antídoto para o tratamento de intoxicações por metanol. O medicamento, que não estava disponível no país, foi adquirido pelo Ministério da Saúde em meio aos casos e mortes.
Conforme a previsão, cerca de 1.500 ampolas seriam distribuídas imediatamente. São Paulo, que concentra o maior número de casos, receberia 288 unidades do medicamento.
Os medicamentos foram adquiridos da farmacêutica japonesa Daiichi-Sankyo, segundo a pasta. A carga, que saiu dos Estados Unidos, foi entregue no Centro de Distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A compra foi realizada pelo governo federal por meio do Fundo Estratégico da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). O valor não foi divulgado.
Na última sexta (10), a polícia desativou uma fábrica clandestina em São Bernardo do Campo que produzia bebidas alcoólicas adulteradas com metanol.
Segundo o secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, o grupo criminoso adquiria a substância diretamente em postos de combustível, onde era vendida como etanol adulterado, e a utilizava para falsificar destilados como vodca e uísque.
RECOMENDAÇÃO
Os órgãos de saúde recomendam evitar o consumo de bebida destilada que não saiba a procedência. O paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Os sintomas de intoxicação de metanol podem estar associados a dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O socorro em até seis horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento.