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Notícia

Perda de olfato pode ajudar a identificar casos precoces de Alzheimer, aponta estudo

Por Acácio Moraes | Folhapress

Perda de olfato pode ajudar a identificar casos precoces de Alzheimer, aponta estudo
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

A dificuldade de sentir determinado cheiro pode ser sinal precoce do desenvolvimento de Alzheimer, segundo mostra um novo estudo alemão publicado na revista científica Nature Communications. Os autores do trabalho acreditam que é possível instrumentalizar esse sintoma para identificar casos prematuros da doença.
 

Já havia evidências de que a perda de olfato estava associada a outras demências, como o Parkinson, afirma Paulo Caramelli, pesquisador e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). "A redução desse sentido, a partir de certa idade, pode ser um marcador precoce de alguma doença neurodegenerativa. É algo para ficar alerta", diz.
 

Nos estudos mais recentes, essa condição também vem se consolidando como um preditor do Alzheimer. O especialista, entretanto, ressalta que não é preciso alarme. Antes de fazer o diagnóstico, é necessário descartar outras causas otorrinolaringológicas para essa perda sensorial, além de exames complementares para avaliar a cognição do paciente.
 

A nova pesquisa revela mais detalhes sobre o mecanismo no qual a neurodegeneração afeta o nosso nariz. Os pesquisadores apontam que a resposta imune do cérebro está envolvida no ataque de fibras neuronais envolvidas no sistema de processamento dos cheiros que sentimos.
 

Esse ataque remove as conexões entre as áreas chamadas de bulbo olfativo, responsável por receber os sinais enviados pelos receptores de cheiros dos narizes, e o locus ceruleus, que entre outras tarefas, faz parte do processamento sensorial.
 

O estudo sugere que, em estágios iniciais do Alzheimer, ocorrem mudanças na fibras nervosas que ligam essas duas regiões. Essas alterações ativam o sistema de defesa do cérebro, as microglias, que respondem quebrando as fibras modificadas.
 

Desenvolvido com camundongos e humanos, o trabalho inclui análises feitas nos cérebros de roedores com quadro de Alzheimer induzido e em amostras de pessoas falecidas com a doença. Também foram usados resultados de exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET Scan) de pacientes vivos com essa neurodegeneração.
 

Lista **** Os resultados abrem caminho para identificar pacientes com risco de desenvolvimento de Alzheimer ainda nos estágios precoces da doença. Assim, esses poderão ser encaminhados para exames cada vez mais disponíveis, com o teste de biomarcadores, e se confirmada a condição, iniciar mudanças no estilo de vida que ajudem na prevenção do avanço da doença o quanto antes.
 

Foi com base nessa prerrogativa que pesquisadores brasileiros desenvolveram, no ano passado, um tablet que possui 20 fragrâncias diferentes e que é capaz de auxiliar no rastreamento e na detecção precoce de doenças neurodegenerativas.
 

Batizado de MultiScent 20, o dispositivo libera aromas no ambiente e o paciente deve identificar e preencher um questionário na tela. Os resultados são transmitidos ao médico responsável. Atualmente, a tecnologia já é utilizada em consultórios particulares e em algumas universidades. O rastreamento preventivo é recomendado a partir dos 57 anos.
 

De acordo com Viviane Zétola, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), o estímulo sensorial, diretamente relacionado com a nossa reserva cognitiva, também leva à prevenção dessas doenças "Um treino olfativo pode, se não evitar, pelo menos atrasar o surgimento do Alzheimer", afirma.
 

O mesmo vale para outras habilidades sensoriais, especialmente a visão e a audição. A perda de qualquer uma dessas duas habilidades é amplamente considerada como um fator de risco importante para o avanço de demências, como o Alzheimer. Além de reserva cognitiva, os sentidos também constituem formas de o indivíduo interagir com o meio no qual vivem, e mediam aspectos diversos, como a criação de memória e a sociabilidade.
 

Também existem estudos que buscam avaliar essas comorbidades e instrumentalizá-las para fazer diagnósticos mais precoces da demência. Um trabalho recente, por exemplo, propõe o emprego de exames oftalmológicos de rotina para detectar alterações microscópicas nos vasos sanguíneos da retina que possam refletir o processo neurodegenerativo que ocorre no cérebro. Por enquanto, os resultados foram positivos com camundongos, mas precisam ser replicados em testes clínicos com humanos.
 

Mas enquanto tais exames não estão disponíveis, os pesquisadores concordam que idosos e, sobretudo, familiares, devem ficar atentos a qualquer indício de que está havendo uma perda sensorial de qualquer gênero. Se for o caso, a recomendação é buscar um profissional de saúde que possa descartar causas subjacentes e avaliar o quadro.