AGU pede investigação da PF sobre possível ação de bolsonaristas contra Banco do Brasil
Por Ana Pompeu | Folhapress
A AGU (Advocacia-Geral da União) pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito policial para apurar uma suposta ação de bolsonaristas nas redes sociais contra o Banco do Brasil, citando um possível disparo massivo de publicações para aterrorizar a população. A notícia-crime foi enviada nesta segunda-feira (25) ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Segundo o ofício, desde a última terça (19) diversos perfis em redes sociais teriam vinculado notícias falsas envolvendo agentes do sistema financeiro nacional, em especial o BB, em torno das sanções impostas pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.
"Propagando desinformação, no interesse de pressionar agentes financeiros e gerar caos no Sistema Financeiro Nacional, perfis em redes sociais passaram a divulgar mensagens sugerindo a necessidade urgente de retirada de dinheiro dos correntistas do bancos", diz a AGU.
De acordo com a notícia-crime, a ação teria sido articulada para "aterrorizar a sociedade com a perspectiva iminente de um colapso no sistema financeiro nacional".
"Tais condutas têm o potencial de fomentar uma verdadeira corrida bancária para retirada de valores dos bancos, o que pode causar prejuízo à economia do país", afirma o órgão no documento.
A AGU também cita um possível interesse em incitar a população contra integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Soma-se a isso uma intenção política no sentido de, relacionando tal colapso às atividades dos membros do Supremo Tribunal Federal, colocar a opinião pública contra o órgão judicial e constranger o Poder Judiciário em sua atuação típica."
Na última sexta, o Banco do Brasil identificou a ação contra a instituição e a presidente Tarciana Medeiros passou a ser pressionada, por integrantes do Judiciário e por bancos, a tomar providências e acionar a PF.
Em ofício enviado à AGU em que pede a adoção de medidas jurídicas cabíveis, o BB ressaltou que o movimento de desinformação mira comprometer o Estado de direito e a segurança jurídica. Procurado, o banco não quis comentar o documento.
O advogado Jeffrey Chiquini, numa fala para um canal bolsonarista no Youtube, recomenda abertamente que as pessoas tirem imediatamente o dinheiro do banco. Uma publicação dele no X é mencionada na notícia-crime da AGU à PF.
Chiquini diz que o BB, um banco com controle estatal, acabará sendo punido pelos Estados Unidos por desrespeitar a Lei Magnitsky e atender o ministro do STF Flávio Dino -que, nesta semana, explicitou em despacho que leis de outros países não têm validade no Brasil.
"O Banco do Brasil é 51% estatal, o Banco do Brasil vai cumprir a decisão do Flávio Dino e o Banco do Brasil vai ser sancionado pela Lei Magnitsky e vai ser desligado do sistema Swift global. Tirem imediatamente seu dinheiro do Banco do Brasil porque ele será sancionado, isso é uma certeza", disse ele no canal.
A medida foi definida pela Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, da AGU.
A Lei Magnitsky dos Estados Unidos foi aplicada contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. A norma impõe sanções financeiras, como congelamento de bens e proibição de negócios com cidadãos e empresas americanas, a estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. Como revelou a Folha de S.Paulo, o cartão de crédito internacional de Moraes foi bloqueado.