Sem provas, Trump acusa Biden e ex-diretor do FBI de fraudarem arquivos do caso Epstein
Por Folhapress
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu nome pode ter sido incluído de forma fraudulenta nos arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein. Sem provas, o republicano sugeriu que o ex-presidente Joe Biden e ex-integrantes do alto escalão do seu governo, como o ex-procurador-geral Merrick Garland e o ex-diretor do FBI James Comey, teriam manipulado os documentos.
As acusações foram feitas durante uma conversa com jornalistas nesta segunda-feira (28) em Turnberry, na Escócia. Ao ser questionado sobre o seu nome supostamente aparecer diversas vezes nos arquivos da investigação sobre o caso do magnata, Trump disse que a história é uma farsa.
"Bem, eu nunca estive muito interessado nisso. É uma farsa que foi exagerada além de qualquer proporção. Esses arquivos foram controlados pela pior escória da terra. Foram manipulados por Comey, por Garland, por [Joe] Biden. Esses arquivos ficaram sob o controle dessas pessoas por quatro anos", disse.
Segundo a imprensa americana, Trump teria sido informado pelo Departamento de Justiça americano em maio, de que seu nome aparece diversas vezes nos arquivos da investigação sobre Epstein, diferentemente do que o republicano vem afirmando.
Trump disse ainda nesta segunda que, caso houvesse algo relevante, as informações já teriam vindo a público. "O caso todo é uma farsa. Eu estava concorrendo contra alguém que controlava esses arquivos. Se eles tivessem algo, já teriam divulgado".
Ironicamente, alas mais à esquerda do Partido Democrata fizeram o mesmo questionamento, se perguntando por que Garland e Biden não divulgaram a menção de Trump nos arquivos quando estavam no poder, sugerindo que isso poderia ter garantido a derrota do republicano nas eleições de 2024.
Trump afirmou que "pessoas muito doentes" tiveram acesso aos arquivos, referindo-se ao governo Biden. "Eles podem facilmente colocar algo nos arquivos que seja falso. Eles podem colocar coisas falsas nos arquivos. Esses arquivos foram controlados por pessoas doentes, muito doentes."
O presidente também foi questionado sobre a possibilidade de conceder um perdão presidencial a Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein. Ela está presa desde 2020, e foi condenada a 20 anos de prisão por ajudar Epstein a abusar sexualmente de adolescentes.
"Bem, eu posso conceder um perdão, mas ninguém veio falar comigo sobre isso, ninguém me perguntou nada a respeito," disse o republicano. "Isso tem saído na imprensa, esse aspecto da história, mas, neste momento, seria inadequado comentar", apontou.
A menção a Trump nos registros, por si só, não indica irregularidades ou envolvimento em atividades ilícitas. Em divulgações anteriores de materiais relacionados ao caso, o nome de Trump já havia aparecido, além de menções à família do republicano, uma vez que ele conviveu com Epstein por anos.
Segundo autoridades ouvidas pelo jornal americano The Wall Street Journal, a secretária de Justiça, Pam Bondi, e seu subsecretário, Todd Blanche, comunicaram ao presidente que os arquivos continham o que ambos consideravam "boatos não verificados" sobre muitas pessoas, inclusive Trump.
A conversa teria ocorrido em uma reunião cerca de um mês antes de o governo confirmar que manteria o sigilo de parte dos documentos.
Trump vem sendo criticado pela forma como tratou a liberação de informações sobre o caso Epstein e enfrenta uma das maiores crises em sua base. O magnata, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade, foi preso em julho de 2019 e se suicidou dentro da cadeia em Nova York.
O episódio gerou uma série de teorias da conspiração sugerindo que ele teria sido assassinado devido a interesses de poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e exploração sexual de menores.
Em meio à pressão sobre o Trump e a guerra de versões, Maxwell apresentou à Suprema Corte dos EUA nesta segunda os últimos documentos de um recurso que busca anular sua condenação. A corte deve avaliar até o fim de setembro se aceita julgar o caso.
Os advogados argumentam que a condenação de Maxwell é inválida porque um acordo firmado em 2007 entre Epstein e promotores federais na Flórida também protegeria seus associados, o que deveria ter impedido a abertura do processo contra ela em Nova York.
Alguns especialistas veem mérito na argumentação de Maxwell, que aborda uma questão ainda não pacificada no direito dos EUA e que divide os tribunais regionais de apelação.
O Departamento de Justiça sob Trump reconheceu essa divisão em um parecer enviado à Suprema Corte neste mês, mas pediu que o recurso fosse rejeitado. "A disparidade entre decisões dos tribunais inferiores tem importância limitada", escreveu o procurador-geral D. John Sauer, "porque o escopo de um acordo penal está sob controle das partes que o assinam".