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Com taxas de juros em alta, empresário só deve pedir empréstimo em último caso

Por Matheus Rocha | Folhapress

Com taxas de juros em alta, empresário só deve pedir empréstimo em último caso
Foto: Claudia Cardozo / Bahia Notícias

Com taxas de juros elevadas, empreendedores que precisam de dinheiro devem pensar bem antes de pedir empréstimo e analisar outras alternativas para conseguir os recursos desejados.
 

De acordo com Kelly Carvalho, assessora econômica da Fecomércio-SP, uma das possibilidades é fazer promoções ou cortar despesas para aumentar o caixa da empresa.
 

Se a única alternativa for o financiamento, o ideal, segundo a especialista, é que os recursos sejam utilizados para ampliar o negócio ou gerar capital de giro —dinheiro necessário para pagar as despesas da empresa.
 

Para ela, o crédito pode ser vantajoso caso o empreendedor consiga planejar onde vai investir. "Com o dinheiro extra, ele pode expandir os negócios e melhorar a oferta de serviços e a experiência de compra", afirma.
 

Mas, para não se enrolar com o pagamento, o valor das parcelas deve corresponder a, no máximo, 25% do lucro líquido da empresa, explica a especialista. Outra dica é pesquisar com atenção as taxas de juros.
 

"Contratar linhas de créditos com juros menores pode ser uma forma de reduzir a dívida e garantir que o empresário honre o compromisso", diz.
 

Dona de uma empresa de festas, Kátia Aparecida, 54, está penando para pagar o empréstimo de R$ 7.000 que pegou para investir no negócio.
 

"Os juros são altíssimos e nós pagamos com muita dificuldade. Vai ter uma hora que talvez a gente não aguente", diz ela, que tem duas sócias. "São 36 parcelas de R$ 486. É bem puxado. Tem mês que não tem evento, então a gente acaba no prejuízo."
 

A alta de juros é uma estratégia para conter a inflação. Andrew Storfer, membro da Anefac (Associação Nacional de Executivos) e diretor de economia, explica que o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, aumenta os juros para desestimular a economia.
 

"Como a demanda diminui, as pessoas compram menos, e os preços caem." Um dos efeitos colaterais dessa manobra é o encarecimento dos financiamentos. "O risco de fazer empréstimo é pagar juros mais altos do que o negócio é capaz de lucrar e acabar virando uma bola de neve", explica Storfer.
 

"O empreendedor precisa ter ganhos que compensem as taxas de juros", completa. Além disso, ele afirma que empresários devem evitar usar crédito pessoal para investir na empresa.
 

De acordo com o especialista, os empréstimos para pessoas físicas têm as taxas de juros mais altas do mercado. Outro erro, segundo ele, é focar no dia a dia do negócio, como na relação com fornecedores, e negligenciar a administração financeira.
 

Para evitar problemas, é importante criar um fluxo de caixa, registrando em planilhas os lucros e as despesas do negócio. "O ponto básico é controlar e planejar sempre para poder dar os passos adequados", diz o especialista.
 

Opinião parecida tem Weniston Abreu, analista de serviços e capitalização financeira do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
 

"Planejamento é fundamental. Você precisa saber como a sua empresa está naquele momento, como você imagina o futuro dela e de que modo o empréstimo se encaixa no seu planejamento."
 

Para ele, muitos empresários acabam tendo problemas por negligenciarem essa parte. "O planejamento vai permitir uma tomada de decisão mais consciente em relação ao endividamento."
 

A empreendedora Sueli Câmara, 46, diz que se arrepende de não ter feito um planejamento detalhado antes de pedir um empréstimo, em 2021. Ela conta que recorreu à instituição financeira para investir no brechó que havia aberto no quintal de casa.
 

No entanto, o negócio demorou a dar resultado e ela precisou atrasar o pagamento das parcelas. Enquanto isso, a dívida só aumentou. A microempresária pegou R$ 15 mil emprestado e hoje tem uma dívida de R$ 40 mil.
 

"Com esse valor, eu poderia comprar um carro melhor. Mas, em vez disso, estou pagando dívida", conta.