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Bolsonaro diz que palavra final sobre máscaras cabe a Queiroga, governadores e prefeitos

Por Daniel Carvalho | Folhapress

Bolsonaro diz que palavra final sobre máscaras cabe a Queiroga, governadores e prefeitos
Foto: Alan Santos / PR

Após anunciar que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estava preparando um "parecer visando desobrigar" o uso de máscara por pessoas imunizadas contra a Covid ou que já haviam sido infectadas pelo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (11) que caberá a seu auxiliar, a prefeitos e a governadores dar a palavra final sobre o assunto.
 

"Ontem [quinta-feira (10)] pedi para o ministro da Saúde fazer um estudo sobre máscara. Quem já foi infectado e quem tomou a vacina não precisa usar máscara. Mas quem vai decidir é ele, vai dar um parecer. Se bem que quem decide na ponta da linha é governador e prefeito. Eu não apito nada, né? Segundo o Supremo, quem manda são eles. Mas nada como você estar em paz com a sua consciência", disse Bolsonaro a jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada antes de embarcar para uma agenda no Espírito Santo.
 

Ao discursar em uma cerimônia de anúncios de medidas para o setor do turismo na tarde de quinta-feira, Bolsonaro disse que havia solicitado a Queiroga um parecer para desobrigar o uso do equipamento de proteção.
 

A declaração de Bolsonaro foi dada horas depois de a CPI da Covid no Senado aprovar a quebra de sigilo telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e de integrantes do chamado "gabinete paralelo", estrutura de aconselhamento do presidente para temas ligados à pandemia e com defesa de teses negacionistas.
 

Em uma fala que não estava prevista no roteiro original do evento no Palácio do Planalto, ele anunciou que daria uma notícia aos jornalistas que acompanhavam o ato.
 

"Olha a matéria para a imprensa amanhã, vou dar matéria para vocês aqui. Acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é. Nosso ministro da Saúde", iniciou Bolsonaro.
 

"Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar este símbolo que, obviamente, tem a sua utilidade para quem está infectado", afirmou o presidente mostrando a máscara que usava ao chegar à cerimônia, mas que tirou para discursar.
 

Logo após esta declaração, especialistas começaram a criticar a intenção de abolir o uso de máscaras.
 

O baixo número de pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19 (cerca de 11% da população) e a alta taxa de transmissão do vírus, com a média móvel de novos casos da doença acima de 50 mil por dia, não permitem que a população deixe de usar as máscaras neste momento --incluindo os que já receberam algum imunizante ou já foram infectados pelo Sars-CoV-2.
 

Queiroga também foi instado a se manifestar sobre o assunto. O ministro da Saúde disse no início da noite de quinta que o país precisava avançar na vacinação para a medida.
 

"Queremos que [o não uso da máscara] seja o mais rápido possível, mas para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar", disse ele em entrevista na saída do ministério.
 

Pouco depois, porém, o Ministério da Saúde divulgou um vídeo em que Queiroga confirma que fará um estudo sobre o tema e atribui o pedido do presidente a medidas adotadas em outros países.
 

Segundo o ministro, Bolsonaro "está muito satisfeito com o ritmo da campanha de vacinação no Brasil".
 

"O presidente acompanha o cenário internacional e vê que em outros países onde a campanha de vacinação já avançou as pessoas já estão flexibilizando o uso das máscaras, e me pediu que fizesse um estudo para avaliar a situação aqui no Brasil', disse.
 

"Então vamos atender a essa demanda do presidente Bolsonaro, que está sempre preocupado em relação a pesquisas, tanto que estamos fazendo pesquisas na área de vacinas", afirmou.
 

Na mesma noite, Bolsonaro voltou a abordar o assunto em sua live semanal. Naquele momento, já apresentou uma leve mudança no discurso de horas antes.
 

Disse que Queiroga "vai fazer um estudo de modo que nós possamos ali sugerir, orientar a desobrigação de uso da máscara para quem já foi vacinado ou para quem já contraiu o vírus".
 

"A gente não pode viver numa opressão a vida toda sobre isso daí", afirmou.
 

Minutos depois, voltou a tocar no assunto e disse não ter coagido seu ministro da Saúde a abolir o uso de máscaras no país.
 

"É o que eu falei para o Queiroga agora. Eu não impus nada para ele, né? Se bem que eu tenho que também dar minhas peruadas ali, no bom sentido. É possível a Saúde apresentar um estudo da desobrigatoridade da máscara para quem já foi vacinado ou para quem já foi contaminado e curado, poxa? Ele falou 'é possível'. É possível, vamos fazer isso. Vamos ficar refém de máscara até quando?", indagou.
 

Nesta sexta-feira, em uma rápida interação com os jornalistas na porta do Alvorada, Bolsonaro voltou a insistir na tese de que houve supernotificação de casos de Covid no país, a defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus e a difundir desinformação ao afirmar, incorretamente, que as vacinas contra Covid estão em fase experimental.
 

Bolsonaro pôs em dúvida sua presença no jogo de abertura da Copa América, domingo (13), em Brasília e atacou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que ameaçou multar o presidente, caso ele não use máscara no sábado (12), durante passeio de motocicleta que fará no estado.
 

"Quem é o governador de São Paulo? Desconheço. Virou dono de São Paulo? Doninho? Virou doninho de São Paulo? 'Se vier aqui, eu multo'", disse Bolsonaro, afinando a voz ao simular declaração de Doria.