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PSDB aprova regra de prévias para 2022; Doria ganha sobrevida

Por Carolina Linhares | Folhapress

PSDB aprova regra de prévias para 2022; Doria ganha sobrevida
Doria, Leite, Jereissati e Virgílio podem ser candidatos | Foto: Divulgação

A cúpula do PSDB aprovou, nesta terça-feira (8), por unanimidade as regras das prévias presidenciais do partido, que diferenciam o peso de filiados e políticos com mandato —mas deixou brechas para mudanças a serem votadas na semana que vem, o que mantém o jogo aberto e pode beneficiar João Doria (PSDB).
 

O adiamento da definição, contudo, foi visto como nova derrota do tucano em seu partido. O grupo de Doria acreditava ter maioria para emplacar, na reunião, alteração favorável ao governador paulista —o aumento do peso dos filiados— e defendeu que a votação fosse concluída nesta terça.
 

Os demais pré-candidatos, no entanto, quiseram adiar a questão. O tema foi a votação, e o adiamento foi aprovado. Os concorrentes internos de Doria são Eduardo Leite (RS), Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE).
 

Pelas regras aprovadas, os filiados têm 25% do peso dos votos, e Doria quer ampliar a participação para ao menos 50% . Sua proposta inicial de voto universal, ou seja, todos os filiados com o mesmo peso, já foi enterrada pela comissão de prévias do PSDB na semana passada.
 

Aliados de Doria pressionam por maior peso dos filiados porque São Paulo concentra a maior fatia deles —cerca de 22% de 1,36 milhão, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
 

Para tucanos próximos de Doria, o adiamento foi uma manobra para evitar a vitória do paulista. Mesmo tucanos não ligados ao governador admitem que o clima era favorável a ele e que a proposta de que os filiados representassem 50% dos votos poderia ser aprovada.
 

Outros membros do partido apontam, porém, que o fato de Doria ter perdido por ampla margem a votação sobre o adiamento demonstra que ele não teria maioria no colegiado. ?No último teste de força na executiva, em 2019, para deliberar sobre o processo de expulsão de Aécio Neves (PSDB-MG), a ala de Doria perdeu por 30 a 4.
 

Segundo tucanos ouvidos pela Folha, há uma ala disposta a fazer um aceno para Doria e ampliar a participação de filiados, mas para qual percentual é o que ainda gera debate. O presidente da sigla, Bruno Araújo, chegou a sugerir 35%, mas recuou.
 

Araújo designou que Virgílio articule a conversa entre os quatro candidatos para que haja um entendimento entre eles. Se não houver, a executiva nacional vota de qualquer forma, na próxima terça (15), as alterações propostas.
 

"Será um prazer exercer esse papel de trabalhar pela unidade. [...] Vou me dedicar com a maior sinceridade nesse desafio. De minha parte, há uma disposição absoluta de chegar a um acordo e creio que esse será o espírito de todos", tuitou o ex-prefeito de Manaus.
 

?Consultado pela reportagem, Leite, governador do Rio Grande do Sul, afirmou estar disposto a dialogar, mas defendeu que a proporção dos filiados siga em 25%.
 

"O trabalho da comissão foi muito bem feito dentro da lógica do equilíbrio federativo que eu tenho defendido. Eu trabalharei para que seja mantida a regra apresentada pela comissão", afirmou.
 

?"Não tenho problemas em buscar caminhos de unidade", completa o governador. "Mas não faz sentido ter prévias se partir de uma regra que desequilibra [a disputa] de forma quase irreparável."
 

Membros do PSDB ouvidos pela reportagem consideraram, de forma geral, que as regras definidas pela comissão eliminam favoritismos e dão chance para que qualquer um dos quatro vença a eleição interna.
 

"Defendemos que se votasse hoje por entender que havia ampla construção e várias opiniões a favor", disse o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, que compõe o governo Doria, a respeito da proposta de 50%.
 

Para ele, esse seria um modelo de convergência. "Todos os candidatos têm chance nesse critério, seria uma proposta correta com a militância e com a amplitude dos nossos atores dentro do partido."
 

?Além da maior participação de filiados defendida pelos paulistas, há outra questão apresentada pelo deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB em Minas Gerais. A ideia é que dirigentes estaduais façam parte do grupo de prefeitos e vice-prefeitos, e não do grupo de filiados. Na prática, isso amplia o peso dos estados na votação.
 

Em teoria, só cabem alterações nos pesos dos grupos votantes já aprovados nesta terça, mas essas mudanças laterais têm potencial para dar vantagem a um ou outro presidenciável tucano.
 

No último dia 31, a comissão de prévias do PSDB, coordenada pelo ex-senador José Aníbal (SP), concluiu a proposta de votação em quatro grupos, cada um ?com peso unitário de 25%.
 

Os grupos são: um de filiados; um de prefeitos e vice-prefeitos; outro de vereadores, deputados estaduais e distritais; e o quarto grupo reúne governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e presidente do PSDB.
 

Por exemplo: no grupo um, o candidato A tem 60% dos votos e o B, 20%. Na conta final, o A soma 15% e o B, 5%.
 

O tesoureiro da sigla, César Gontijo, que é aliado de Doria, afirmou que o adiamento se deve à busca de uma convergência, "para que não haja vencidos ou vencedores". Em sua avaliação, o que dá força à proposta de 50% é o compromisso do partido com a democracia interna e o entendimento de que os filiados devam participar mais da vida do partido.
 

"Acho que foi válido para buscar o consenso. Temos que construir uma candidatura para que o partido saia fortalecido", completa.
 

Araújo afirmou à Folha que "a discussão interna faz bem ao partido".
 

Tucanos experientes apontam que, caso Doria insista em regras que o favoreçam, pode até vencer as prévias, mas não terá respaldo do partido na eleição para a Presidência da República. A leitura é a de que as prévias são o único instrumento capaz de legitimá-lo na sigla e de dar a ele a chance de percorrer o país.
 

Portanto, o paulista deveria evitar esticar a corda no processo interno, o que, em última instância, poderia até causar a desistência dos demais.
 

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, Doria vem buscando se viabilizar dentro do partido, com conversas e jantares, e entre eleitores, com plano de vacinação e inaugurações no interior —mas encontra dificuldades. Leite é considerado favorito fora de São Paulo, enquanto Doria é lembrado pelos seus pares por intervenções, atropelos, falta de articulação e erros políticos.
 

O último foi a viagem ao Rio de Janeiro, no fim de semana, onde Doria foi flagrado tomando sol na piscina de um hotel de luxo sem máscara, contrariando lei estadual que obriga o uso da proteção. Dias antes, o governador recomendou à população que não gerasse aglomerações.
 

De acordo com a deliberação da executiva, as prévias estão marcadas para 21 de novembro, com possível segundo turno em 28 de novembro. Enquanto Doria preferia a data divulgada pelo partido inicialmente, 17 de outubro, outros pré-candidatos e líderes do partido pressionavam pelo adiamento para o ano que vem.
 

A expectativa de tucanos é de que Doria, caso perca as prévias, saia do partido e busque ser candidato ao Planalto por outra sigla, o que explica sua pressa.
 

Já o motivo apresentado para o adiamento era a questão da pandemia, mas há, nos bastidores, esforços de parte da bancada da Câmara dos Deputados, grupo que incluí Aécio Neves (PSDB-MG), para que o partido não lance candidato a presidente da República, medida que faria sobrar mais verba do fundo eleitoral para os parlamentares se reelegerem.
 

A necessidade de escolher um presidenciável neste ano se consolidou no partido após a constatação de que outros nomes já estão em franca campanha, como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT).
 

Por causa da pandemia, os tucanos devem votar por meio de um aplicativo, e estarão aptos todos os filiados até 31 de maio.
 

A expectativa é baixa em relação à participação de filiados, considerando prévias anteriores. Em 2016, Doria teve 43% dos cerca de 6.100 votos no primeiro turno e venceu o segundo turno com quase a totalidade dos 3.200 votos. A capital paulista tinha cerca de 27 mil filiados à época. Em 2018, ele teve 80% dos votos de cerca de 15 mil filiados –o total do estado na época era de aproximadamente 310 mil.??
 


 

REGRAS DAS PRÉVIAS APROVADAS PELO PSDB
 


 

Colégio eleitoral de quatro grupos, com 25% de peso cada
 

1. filiados
 

2. prefeitos e vice-prefeitos
 

3. vereadores, deputados estaduais e distritais
 

4. governadores, vice-governadores, deputados federais, senadores, ex-presidentes do PSDB e o atual
 


 

Datas
 

20.set - inscrição dos candidatos
 

18.out - início dos debates
 

21.nov - primeiro turno
 

28.nov - segundo turno
 


 

PROPOSTAS AINDA EM DISCUSSÃO
 

Serão votadas na próxima terça (15), após presidenciáveis tucanos conversarem entre si?
 

Aumentar participação dos filiados (grupo um) para 50%
 

Acrescentar dirigentes estaduais no grupo dois, e não um
 


 

OS NÚMEROS DO PSDB
 

Prefeitos: 520 (202 em SP)
 

Vereadores: 4.372 (1.028 em SP)
 

Deputados estaduais: 72 (9 em SP)
 

Deputados federais: 33 (7 em SP)
 

Senadores: 7 (2 em SP)
 

Filiados: 1,36 milhão (cerca de 300 mil em SP)