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Marca Bahia Notícias

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Médicos paspalhões e o descrédito da medicina

Por Fernando Duarte

Médicos paspalhões e o descrédito da medicina
Foto: Sérgio Lima/ Poder360

Médicos têm contribuído para desacreditar a medicina no contexto da pandemia do novo coronavírus. Os casos mais corriqueiros são os esforços para justificar o uso “off label” de remédios sem eficácia comprovada e que funcionam como placebo em milhares de brasileiros. As consequências desse uso descontrolado de medicamentos como ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina começam a ser sentidas com relatos de hepatite medicamentosa e reações adversas. Tudo com anuência do Conselho Federal de Medicina e sem qualquer manifestação de órgãos como o Ministério Público.

 

Na Bahia, há até quem garanta posição de destaque para profissionais que deveriam estar proibidos de exercer a medicina, diante das inúmeras disparidades ditas. No entanto, é cômodo politicamente manter figuras que flertam com o extremismo para surfar na onda que nasce no Palácio do Planalto e reverbera nas mais diversas cidades brasileiras. Tanto que uma médica, cujo nome será omitido em respeito aos leitores dessa coluna, foi alçada à condição de secretária de Saúde após se orgulhar da alcunha de “doutora cloroquina”. Definitivamente, o Brasil não é para amadores e a Bahia não fica de fora dessa paspalhada.

 

No último domingo, a Secretaria Estadual de Saúde foi obrigada a publicar uma nota para desmentir a informação falsa de que pessoas já contaminadas com a Covid-19 no passado não precisariam de duas doses da vacina contra a doença. Percebe-se que há um misto de mundo paralelo com mau-caratismo que pode matar. E isso foi dito e reproduzido por uma profissional com formação médica, mas que há tempos se esqueceu do juramento de Hipócrates.

 

Enquanto os órgãos responsáveis pela fiscalização do exercício da medicina insistirem em se omitir, esse teatro de absurdos não tem prazo para ser encerrado. Por mais que a imprensa séria sirva para filtrar teorias de conspiração e falas irresponsáveis, há uma mídia paralela que presta um desserviço à sociedade, amparada pela não regulação das redes sociais. E não se trata da defesa da censura, mas do uso menos danoso da informação, já que figuras nefastas preferem propagar fake news escondidas sob o manto da liberdade de expressão.

 

É preciso impor limites. Talvez isso só venha a acontecer quando óbitos foram computados frutos das afirmações tresloucadas de médicos que se amparam apenas na fé e não na ciência. Antes disso, quem falar o contrário é tido como antibolsonarista ou de esquerda. Afinal, infelizmente, a imprensa já vive em descrédito. Agora quem sabe seja a vez da medicina... Bem-vindos ao clube?!

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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